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Relembrando a vedete e atriz Nélia Paula


No auge do teatro de revista brasileiro, Nélia Paula brilhou como uma das principais vedetes do Brasil, e com a decadência do gênero, conseguiu-se manter em alta por muitos anos, atuando em alguns sucessos da televisão, sempre esbanjando graça e beleza.



Nélia Faria era argentina, nascida em Buenos Aires em 26 de outubro de 1930, mas mudou-se para o Brasil ainda criança, onde foi criada em Niterói.

Sempre sonhando em ser artista, ela foi aprovada como bailarina na Companhia de Eva Stachino, bailarina chilena radicada no Brasil. Os seus pais eram contra a carreira artística, e então ela fugiu de casa e mudou-se para São Paulo, onde estreou dançando na Boate Cairo, em São Paulo, usando documentos falsos, já que era menor de idade.

De volta ao Rio de Janeiro, foi modelo para Wahita Brasil e chegou a trabalhar como crooner na Boate Casablanca. Nesta época, para ajudar a pagar as contas, trabalhou também como aeromoça. 

O teatro de revista entraria na vida em 1951, quando a atriz e vedete Renata Fronzi a convidou para ingressar em sua companhia, atuando como "girl" (corista do espetáculo).

Nélia estreou na revista Figurinha Difícil (1951), e foi promovida a vedete um ano após sua estreia nos palcos do teatro rebolado.


Nélia Paula, César Ladeira e Renata Fronzi, em 1951

Nélia Paula logo se tornou uma badalada vedete das revistas brasileiras, e em 1952 atuou em seu primeiro filme, O Preço do Destino (1952). Na década de 1950 ela ainda atuaria nos filmes Toda a Vida em Quinze Minutos (1953) e na produção mexicana (rodada no Brasil) Mulher de Fogo (Mujeres de Fuego, 1959), que era estrelada por Ninón Sevilla.

Nélia também foi uma das estrelas da comédia Eva no Brasil (1956), onde ela atuou ao lado do comediante Colé Santana (tio de Dedé Santana), com quem a atriz foi casada.


Colé e Nélia Paula nos bastidores de Eva no Brasil

O casamento com Colé, em 1952, gerou polêmica na época. O artista era casado com Celeste Aída, com quem mantinha uma companhia de revistas. Nélia havia sido contratada pelo casal, contracenando com ambos em Tô Aí Nessa Caixinha (1951). 

Porém, Colé deixou Aída em 1952, e pouco tempo depois se casou com Nélia em uma cerimônia no Uruguai, já que o divórcio não era reconhecido por aqui. Mas a união durou apenas até 1955.


Colé, Celeste Aída e Nélia Paula

A década de 1950 marcou o auge da sua carreira no teatro de revista, e ela trabalhou em grandes companhias, empresariadas por nomes como Jardel Filho, Carlos Machado e Walter Pinto, o maior produtor de revistas do Brasil.

Nélia ingressou na companhia de Walter Pinto em 1955, quando o espetáculo Eu Quero Me Baladar (1955) estreou em São Paulo, após uma bem-sucedida trajetória nos palcos cariocas. A revista contava com números da travesti Ivaná, que foi proibida de se apresentar pela censura paulista.

Walter Pinto mandou então chamar Nélia Paula, para não desfalcar o show. Com ele também, Nélia atuaria na lendária montagem de É de Xurupito, encenada em 1957, mesmo ano em que a atriz foi eleita uma das "Certinhas do Lalau"

Ivaná e Nélia Paula trabalhariam juntos no espetáculo Escândalos Cubanos, em 1963.


Material promocional de É de Xurupito



Ainda na década de 1950 a atriz estreou na televisão, no programa Grande Revista Dominical (1959), na TV Record

E com o fim da popularidade do teatro de revista, a artista encontrou trabalho na TV, na década seguinte. Chico Anysio a levou para atuar em seu programa na Excelsior, mas foi na TV Rio que Nélia Paula brilhou na televisão.

Na emissora ela atuou em diversos programas humorísticos e na linha de shows do canal. Depois, ainda atuaria em alguns programas da TV Bandeirantes e nos primeiros anos do SBT (nos tempos que era chamado de TVS).

Em 1971 ela estreou no teatro sério, fazendo a peça Longe Daqui Aqui Mesmo (1971), de Antônio Bivar. Era a primeira vez que a atriz atuava nos palcos sem ser em um espetáculo de revista.


Nélia Paula em 1971

Na segunda metade da década de 1970 Nélia Paula ingressou na Rede Globo. Ela faria participações em programas como Os Trapalhões, As Aventuras de Mário Fofoca e Sítio do Pica Pau Amarelo. Em 1978 também foi convidada por Bibi Ferreira para se apresentar no programa Brasil 78, um especial de TV, que entre outras coisas, homenageava o teatro de revista.


Nélia Paula, Bibi Ferreira, Mara Rúbia e Virginia Lane em Brasil 78

Em 1983 ela fez sua primeira novela, Guerra dos Sexos (1983-1984). Depois ainda atuaria em Partido Alto (1984), e fez seu papel mais famoso em uma novela, a da ex vedete Amparito Hernandez no sucesso Roque Santeiro (1985-1986), onde vivia uma ex namorada do prefeito Florindo Abelha (papel de Ary Fontoura).

Amparito trabalhava no bordel comando pela atriz Yoná Magalhães.


Nélia Paula e Mário Gomes em Guerra dos Sexos


Nélia Paula, Ary Fontora e Heloísa Mafalda em Roque Santeiro

Nélia Paula ainda atuaria nas novelas Selva de Pedra (1986) e Carmen (1987), está última produzida pela TV Manchete.

No cinema, ainda atuou nos filmes Banana Mecânica (1974), Costinha, o Rei da Selva (1975), As Loucuras de Um Sedutor (1975), As Borboletas Também Amam (1979) e Bububu no Bobobó (1980), que também homenageava o teatro de revista.


Ângela Leal e Nélia Paula em Bububu no Bobobó

Na década de 1990 Chico Anysio lhe deu emprego novamente, recrutando-a para ingressar no elenco da Escolinha do Professor Raimundo (1990-1993), onde interpretou as personagens Amparito Pêra e Dona Cora.


Nélia Paula em Escolinha do Professor Raimundo


Depois, sem trabalhos e sem dinheiro, Nélia Paula passou a residir no Retiro dos Artistas, no Rio de Janeiro. Foi lá que ela faleceu, vítima de infarto, em 08 de setembro de 2002, aos 71 anos de idade.


Nélia Paula, de óculos escuro, no Retiro dos Artistas


Nélia Paula em 1960


Nélia Paula


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