Crítica: Besouro Azul, o herói latino

Após uma longa espera, estreou o filme Besouro Azul (Blue Beetle, 2023), o novo filme de super-heróis da DC Comics.

O personagem, pouco conhecido no universo dos quadrinhos, surgiu em 1939, e hoje faz parte do universo DC. Vale lembrar que ao longo dos anos, três personagens distintos viveram o Besouro Azul: Dan Garrett, Ted Kord e Jaime Reyes.

E é justamente Reyes quem protagoniza esta nova super produção, interpretado pelo ator Xolo Maridueña (da série Kobra Kai).

Xolo vive um jovem recém formando na universidade, que volta para casa e encontra sua família em uma situação financeira complicada, devido principalmente a gentrificação do bairro onde cresceu. E em busca de emprego, acaba trabalhando para a família Kord (de Ted Kord, a segunda geração do Besouro Azul).

Susan Sarandon e a brasileira Bruna Marquezine vivem respectivamentes a irmã e a filha de Ted Kord.

O filme tem muitos clichês de filmes baseados em personagens dos quadrinhos, como a "jornada do herói", e em alguns momentos o roteiro nos faz lembrar de um mistro de Homem Aranha com O Homem de Ferro, porém, diferencia-se dos demais pela origem latina de Reyes.

E é justamente a família mexicana de Jaime Reys que dá o tempero que torna o filme divertido. O diretor Angel Manuel Soto, que é porto riquenho, consegue retratar uma família latina sem cair em clichês esterotipados, e recheia a obra com referências da cultura pop latino-americana. Seja a avô de Reyes assistindo a telenovela Maria do Bairro da Televisão, ou os seguranças da Corporação Kord assitindo Chaplin Colorado durante o expediente.

Esses programas citados, que embora tenham sido produzidos pela TV mexicana, fazem parte da memória afetiva dos brasileiros, e marcaram a história da nossa televisão. Por um momento, a gente até espera uma vinheta subliminar da Jequeti na tela do cinema.

Os brasileiros também podem desfrutar da presença de Bruna Marquezine, em sua estreia em grande estilo em Hollywood. Bruna é uma das protagonistas, e tem um grande destaque na obra, nada lembrando a participação de Rodrigo Santoro em As Panteras. E embora isto não seja explorado no filme, ela é citada como sendo brasileira também na obra.

Bruna Marquezine em Besouro Azul

Os coadjuvantes tem bastante espaço para brilharem no filme, e claro, o destaque fica para a família Reyes, que protagonizam tanto cenas de humor como momentos drámaticos, e disputam a atenção do espectador com o próprio Besouro Azul.

O destaque maior ficam por conta do Tio Rudy (vivido pelo comediante George Lopez) e a irmã Milagro (interpretada por Belissa Escobedo, de Abracadabra 2). Vale também destacar que a mãe de Jaime é vivida por Elpídia Carrillo, a Anna Gonsalez do clássico de ação O Predador (1986).

Porém, a vilã interpretada por Susan Sarandon deixa a desejar. Não há dúvidas que Sarandon seja uma excelente atriz, mas sua personagem é rasa e pouco desonvolvida, e pouco convencce na trama. Um desperdício do talento da vetarana.

Com boas cenas de ação, para agradar os fãs de filmes de super-heróis, o filme também tem momentos leves, carregados com um humor natural. E também faz bastante referências a história do Besouro Azul, homenageando inclusive Dan Garrett, o primeiro a vestir o traje do herói.

Não sei dizer se a latinidade na tela agradará ao público norte-americano, mas para nós, latinos, é uma diversão garantida.

Besouro Azul é o primeiro longa-metragem do herói, mas ele já foi visto em algumas animações, além de ter feito uma participação na série Smallville, em 2011.

Porém, o primeiro ator a viver o Besouro Azul foi Frank Lovejoy, em 1940, um ano após o surgimento do personagem nas páginas dos quadrinhos.