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Agnes Moorehead, além da Endora


Agnes Moorehead ficou eternizada como Endora, a sogra infernal de James Stpehens, na série A Feiticeira (Bewitched, 1964-1972), mas ela era uma atriz completa, que atuou em mais de 100 produções ao longo de seus cinquenta anos de carreira.

Agnes Moorehead, na década de 20


Agnes Robertson Moorehead nasceu em 06 de dezembro de 1900, em Clinton, Massachusetts, embora muitas vezes tenha declarado ter nascido em 1906, tirando alguns anos de sua idade.

Filha de um pastor presbiteriano, Agnes cresceu em uma família muito religiosa. Mas apesar disto, seus pais nunca foram contra sua carreira artística. Aos três anos de idade ela começou a se apresentar na igreja, cantando hinos e louvores. Ao mesmo tempo, em casa, imitava membros da congregação, já demonstrando seu talento como atriz. Aos sete anos ela foi contratada pela Ópera Muncipal de St. Louis, como cantora e dançarina.

doutorado em literatura da Universidade de Bradley.

No começo da década de 20 ela mudou-se para Paris, para estudar mímica com o famoso Marcel Marceau. De volta aos Estados Unidos, cursou a New York's Academy of Dramatic Arts, onde foi colega de Rossalind Russell.

No final da década de 20 ela ingressou no show business, trabalhando em óperas cômicas e espetáculos de vaudeville. Ela também trabalhava no rádio, onde começou como cantora, em 1923.

 Agnes Moorehead, no rádio

O rádio foi um importante veículo ao longo de toda a sua carreira. Seu inicio como atriz foi instável, e ela constantemente se viu desempregada. Anos mais tarde, chegou a declararar que ficou quatro dias sem comida por falta de trabalho. Sem chances nos palcos, tornou-se rádio atriz. Agnes então conheceu a atriz Helen Hayes, que a incentivou a tentar o cinema, mas ela foi rejeitada pelos estúdios, por não ter o tipo certo.

Sem conseguir chances nos filmes, continuou trabalhando no rádio, onde conheceu Orson Welles. Ela a contratou para a sua companhia radiofônica, a The Mercury Theather of the Air, no ano de 1938.

Agnes esteve envolvida na famosa transmissão Guerra dos Mundos (War of the Wolrds) de 1938, que causou pânico em todo o país, ao fazer as pessoas acreditarem que uma invasão alienígena estava acontecendo. A repercussão do programa radiofônico valeu a Orson Welles muita publicidade, e um lucrativo contrato com a RKO.

E foi Orson Welles quem levou Agnes Moorehead para o cinema. Em 1941 ela interpretou Mary Kane, a mãe de Charles Foster Kane em Cidadão Kane (Citizen Kane, 1941), considerado por muitos o melhor filme da história do cinema.

Welles se apaixonou pela atriz, quinze anos mais velha que ele, mas ela ignorou seus galanteios e eles permaneceram amigos.


 Agnes Moorehead em Cidadão Kane

Seu filme seguinte também foi com Welles. Agnes interpretou Fanny Minafer em Soberba (The Magnificent Ambersons, 1942), que lhe valeu a sua primeira (de quatro) indicações ao Oscar. Por este trabalho ela também foi eleita a melhor artista feminina do ano pela New York Film Critics.

Agnes então foi contratada pela RKO, aparecendo em Rua das Ilusões (The Big Street, 1942), estrelado por Lucille Ball e Henry Fonda. Em seguida, atuou em Jornada do Pavor (Journey Into Fear, 1943), que novamente reunia o elenco do Mercury Theather, e teve direção (não creditada) de Orson Welles.

Em 1943 ela foi contratada pela MGM. Mas antes de assinar, a atriz colocou uma cláusula em seu contrato que exigia que ela pudesse continuar atuando no rádio. Na época, a MGM não permitia que se elenco se apresentasse no rádio, a não ser cantores convidados. Seu filme de estreia no estúdio foi Caçando Estrelas (The Youngest Profession, 1943), estrelado pela então adolescente Virginia Weidler. O filme foi um fracasso de bilheteria.


Seu filme seguinte, Dez Pequenas para um Homem (Government Girl, 1943), era estrelado por Olivia de Havilland, mas também não agradou ao público. Emprestada para a Fox, ela reencontrou Orson Welles, desta vez trabalhando como ator, no filme Jane Eyre (Idem, 1943). 

 Ronald Harris, Agnes Moorehead e Henry Daniell em Jane Eyre

Agnes trabalhou em muitos filmes na década de 40. Ele voltou a ser indicada ao Oscar por seu papel de baronesa em Mrs. Parkington, a Mulher Inspiração (Mrs. Parkington, 1944). Sua terceira indicação veio como a mãe de Jane Wyman em Belinda (Johnny Belinda, 1948).

Entre alguns papéis marcantes da atriz na década destacamos sua atuação em Recordações (The Lost Moment, 1947), onde ela interpretou uma mulher de 105 anos e a malévola Madge Rapf em Prisioneiro do Passado (Dark Passage, 1947).

 Agnes Moorehead e Susan Hayward em Recordações

Em 1948 Agnes Moorehead tornou-se a primeira mulher a apresentar a cerimônia do Oscar, ao lado do ator Dick Powell.

Na década de 50 ela continuou atuando em diversos filmes. Ela foi a mãe de Kathyrn Grayson em O Barco das Ilusões (Show Boat, 1951) e na Universal fez A Mansão do Homem Morcego (The Bat, 1959), uma produção de terror, que foi seu primeiro trabalho como protagonista.

 Vincent Price e Agnes Moorehead em A Mansão do Homem Morcego

Na Universal ela também foi contratada como professora de dicção e atuação para jovens atores, dando aulas para Donald O'Connor, Sandra Dee e Debbie Reynolds, que se tornaria uma de suas melhores amigas por toda a vida. Debbie e Agnes atuaram juntas pela primeira vez em Viva Las Vegas (Meet Me in Las Vegas, 1956), e fariam outros filmes juntas ao longo dos anos.

Na Broadway, Agnes estrelou Don Juan in Hell (1951-1952), ao lado Charles Laughton e Cedric Hardwicke. A partir de 1954, ela também excursionou pelos Estados Unidos e pela Europa com seu próprio show de uma mulher, intitulado "The Fabulous Redhead". Foi também na década de 50 que ela ingressou na televisão, onde faria diversos trabalhos.

Na década de sessenta, ela apareceu como a hipocondríaca Sra. Snow no filme Pollyanna (Idem, 1960), dos Estúdios Disney. E atuou com Jerry Lewis em Errado Pra Cachorro (Who's Minding the Store?, 1963). 


John McGiver, Agnes Moorehead, Jill St. John e Jerry Lewis em Errado Pra Cachorro


Em 1964 ela voltou a trabalhar com seu antigo colega do Mercury Theather, Joseph Cotten, em Com a Maldade na Alma (Hush, Hush, Sweet Charlotte, 1964). Ela interpretava a empregada Velma, que cuidava de uma personagem mentalmente assombrada pelo passado, interpretada por Bette Davis.

Por este personagem Agnes recebeu sua quarta indicação ao Oscar, embora nunca tenha sido agraciada com o prêmio.

Bette Davis e Agnes Moorehead em Com a Maldade na Alma

A Feiticeira

Em 1964 o produtor William Asher convidou Agnes Moorehead para o papel de Endora, em A Feiticeira (Bewitched, 1964-1972), mas a atriz não se interessou, recusando o trabalho.

Certo dia ela encontrou a atriz Elizabeth Montgomery, protagonista da série e esposa de Asher, em uma loja, e Elizabeth insistiu para que trabalhassem juntas. Agnes então assinou o contrato, mas com a condição de fazer apenas oito ou doze episódios por ano, para poder ter tempo de se dedicar a outros projetos.

Elizabeth Montgomery e Agnes Moorehead, em A Feiticeira

A série fez muito sucesso, e Endora, a bruxa má, tornou-se uma das personagens mais populares da história da televisão. Agnes foi indicada a seis prêmios Emmy pelo papel, mas só recebeu um Emmy como atriz convidada na série James West (Wild, Wild West), em 1967.

Em 1969 o ator Dick York, que interpretava o marido James (Darrin, em inglês) precisou deixar a série (saiba por que aqui) e foi substituído por Dick Sargent. Como na ficção, Moorehead e Sargent não se deram bem, e brigavam constantemente nos bastidores.

 Agnes Moorehead, Elizabeth Montgomery e Dick Sargent

Agnes Moorehead ficou eternizada como Endora, seu personagem mais popular. Mas não gostava do papel. Em 1974, dois anos após a série ser cancelada, ela declarou ao jornal New York Times: "Eu fiz filmes e interpretei peças de teatro de costa a costa, então eu já era bem conhecida antes de A Feiticeira, eu particularmente não gosto de ser lembrada como uma bruxa."

No Brasil, Endora foi dublada pela atriz Gessy Fonseca.

Os últimos anos

Após A Feiticeira ser cancelada, Agnes continuou atuando. Em 1973 ela retornou a Broadway, em seu antigo sucesso Don Juan in Hell, desta vez ao lado de Ricardo Montalbán. Ela também apareceu como convidada em outras séries, e protagonizou o longa Dear Dead Delilah (1972).
 
 Agnes Moorehead e Patricia Carmichael em Dear Dead Delilah

Em 1973 ela dublou a Mamãe Gansa em A Menina e o Porquinho (Charlotte's Web, 1973), que tinha no elenco a sua velha amiga Debbie Reynolds, e seu colega de A Feiticeira Paul Lynde (o Tio Arthur).


Seus últimos trabalhos como atriz foram no rádio.

Vida Pessoal

Em 1930, Moorehead se casou com o ator John Griffith Lee. Em 1949 eles adotaram um menino, que acabou fugindo de casa, e perdendo contato com a atriz. Ela e Lee se separaram em 1952. Em 1958 ela se casou com o ator Robert Gist, de quem se separou em 1958.

Haviam muitos rumores sobre a homossexualidade de Agnes Moorehead. Paul Lynde (o Tip Arthur de A Feiticeira), era gay assumido, e declarava que sua colega também era gay. Lynde dizia que um dia Agnes pegou um dos maridos na cama com outra mulher, e ao ver a cena gritou para ele "que, se ele pudesse ter uma amante, ela também poderia fazê-lo."

A jornalista brasileira Dulce Damasceno de Britto escreveu em seu livro que Agnes e Debbie Reynols eram amantes. Debbie negava categoricamente a homossexualidade da amiga, e disse que os boatos surgiram durante o primeiro divórcio da atriz, espalhados por seu ex marido.  Quint Benedetti, o antigo funcionário de Moorehead que também é gay, também afirmou que Moorehead não era lésbica e atribuiu a história aos frequentes boatos de Lynde.

 Agnes Moorehead e Debbie Reynolds

Agnes Moorehead morreu de câncer em 30 de abril de 1974. A doença primeiro atingiu seu útero, e depois alcançou seus pulmões. Em 1956 ela havia atuado em Sangue de Bárbaros (The Conqueror, 1956), um filme maldito em Hollywood.

Sangue de Bárbaros foi rodado em um deserto onde antes o governo norte-americano havia feito testes nucleares. A radiação presente contaminou diversos membros da equipe, e matou de câncer nomes como Moorehead, o diretor Dick Powell, John Wayne e Susan Hayward. (leia mais sobre o filme aqui).




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5 Comentários

  1. Interessante a sua trajetória!
    Esta geração produziu os melhores!

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  2. Endora foi dublada pela atriz Gessy Fonseca e Helena Samara.

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  3. Há aqui qualquer coisa que não bate certo. No 5º parágrafo do artigo vocês referem que Agnes foi estudar mímica com Marcel Marceau no início da década de 20. Como é isso possível se Marcel nasceu precisamente em 1923?

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