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A história de Betty Boop

 


Criada em 1930 pelo desenhista Max Flesicher (com ajuda de animadores com Grim Natwick), Betty Boop é uma das primeiras estrelas femininas dos desenhos animados. E embora ela não apareça em um desenho desde 1939, a sexy Boop ainda é uma das figuras mais icônicas das telas, sendo reproduzida em diversos produtos de merchandising de massa.


Com traços inspirados na estrela dos tempos do cinema mudo Clara Bow, Betty Boop é uma personagem sensual, que lembra uma melindrosa da Era do Jazz. Embora quando tenha estrado, no desenho animado Dizzy Dishes, lançado em 09 de agosto de 1930, ela fosse completamente diferente.

Clara Bow

Em sua primeira aparição, como personagem coadjuvante do personagem astro do estúdio, Bimbo, ela era originalmente um poodle francês antropomórfico. E apareceria em dez desenhos como secundária, antes de ganhar sua própria série de animações.

Betty Boop em sua primeira aparição no cinema    

A personagem ainda não tinha nome, mas logo fez sucesso com o público. Em pouco tempo, ela fez a transição canina para uma humana, e suas orelhas viraram brincos de argolas. Sua estréia com traços humanizados ocorreu em Any Rangs, de 1932.

Betty Boop em Any Rangs

O nome Betty Boop havia surgido um ano antes, no desenho Screen Songs, em 1931. Mas ainda era um protótipo da futura estrela das telas. Nesta época, foram feitos 12 desenhos que apresentam personagem semelhantes a Betty no período, mas sem apresentar seus traços ou nome definitivos.

Sua estréia oficial, já como uma estrela, ocorreu em na série Talktoons, em 1932, que foi produzida até 1939. Seu sucesso foi tanto, que logo ela começou a estampar uma série de produtos licenciados, que são produzidos até hoje. Ainda em 1932 surgiu a primeira boneca de Betty Boop. E no ano seguinte a Warner Bros lançou, sem grandes resultados, a personagem Cookie, que era uma resposta ao fenômeno Betty.



Cookie, a "Betty Boop" da Warner

Ousada e sensual, a personagem chegou a aparecer nua nas telas, e muitas vezes estrelou filmes em trajes bastante diminutos.


Isto causou a ira dos censores norte-americanos, e com a criação do Código Hays (uma lei que impunha a moral e os bons costumes no entretenimento americano), Betty acabou ficando mais comportada, trocando o tradicional vestido tomara que caia por figurinos mais discretos.

Betty Boop, pós Código Hayes


Sempre produzida em preto e branco, ela só protagonizou um desenho em cores, onde interpretava uma versão da Cinderella. Curiosamente, no filme seus cabelos negros viraram ruivos.


A primeira voz de Betty Boop foi da atriz Maggie Hines, que também dublou a Olivia Palito por muitos anos. Haines casaria-se com o ator que dublava o Popeye posteriormente. Já contamos está história aqui.

Outras atrizes dublaram a personagem posteriormente, como Kate Wright, Bonnie Poe e Little Ann Litlle. Mas sua dubladora mais famosa foi Mae Questel.

Mae Questel cantando
   

 Muitos anos mais tarde, em uma rara aparição diante das telas, Questel interpretou a mãe de Woody Allen no filme Contos de Nova York (New York Stories, 1989). Ela também voltou a dublar a personagem em sua participação especial em Uma Cilada Para Roger Rabbit (Who Framed Roger Rabbit, 1988).

Mae Questel em Contos de Nova York

Em 1932 a cantora Helen Kane, que havia protagonizado alguns dos primeiros filmes sonoros de Hollywood processou Max Flescheir, dizendo que a personagem era uma caricatura sua. Kane alegou que não só os traços da personagem, mas também seu estilo de canto eram inspirados em sua imagem.

Kane exigiu uma pequena fortuna de indenização, em um processo que se estendeu por anos (só foi finalizado em 1934). Fleischer alegou que os traços de Boop eram inspirados em Clara Bow, e o canto era baseado na antiga atriz mirim negra Little Esther Jones, que havia feito sucesso na década de 20, antes da popularização de Kane.

Little Esther Jones

O antigo empresário de Little Esther testemunhou no tribunal, dizendo que ela sim era a pioneira do improviso "doo doo to be doo". Um filme protagonizado pela artista, feito em 1929, também foi usado como prova. Conheça mais sobre Little Esther Jones aqui.

Fleischer ainda levou ao tribunal suas dubladoras, que também cantavam, mostrando que o estilo vocal não era exclusivo de Kane, que acabou perdendo o processo.


Mas embora tenha perdido o caso, é inegável a influência de Helen Kane na personificação de Betty Boop. Além de ter traços parecidos, o seu modo de cantar era muito semelhante. 

Outro fator muito importante que demonstra que Kane foi forte inspiração para a criação da personagem, é que antes de se chamar definitivamente Betty Boop, ela chegou a ser creditada como Nan Grew, uma clara referência ao filme Dangerous Nan McGrew (1930), estrelado por Helen Kane, na Paramount.



Kane havia sido uma grande estrela, mas estava entrando em decadência. Em resposta a derrota nos tribunais, ela lançou sua própria história em quadrinhos, onde Betty também fazia sucesso desde 1934.

Desta ver era a artista quem copiava os traços de Betty, em tirinhas publicadas nos jornais. Porém sem muita aceitação com o público, suas histórias em quadrinhos logo deixaram de ser produzidas.


Quadrinhos de Helen Kane

Quadrinhos de Betty Boop

O processo não fez muito bem pela carreira de Kane. Ela ficou muitos anos sem trabalhar, e só retornaria ao cinema em 1950, dublando Debbie Reynolds no filme Três Palavrinhas (Three Little Words, 1950). Na obra, Debbie interpretava a própria Helen Kane, que era quem na verdade cantava nos números musicais.

Debbie Reynolds, dublando Helen Kane
 em Três Palavrinhas

No Brasil a personagem também fez muito sucesso, e inspirou algumas "homenagens" por aqui.

Em 1935, o conjunto carioca Os Quatro Diabos gravou um fox-trote chamado Betty Boop e em 1939 o Teatro Recreio apresentou a revista Aleluia!, de Joracy Camargo. No espetáculo, diversos artistas encarnavam personagens queridos dos desenhos da época, Eva Todor entrava em cena vestida de Mickey MouseOscarito encarnava o Marinheiro Popeye e a cantora Aracy Cortês dava vida a flapper Betty Boop.


Aracy Cortês como Betty Boop, em 1939

No rádio brasileiro, principal veículo de comunicação da época, também existiam as cantoras que imitavam a personagem, eram as "Betty Boop brasileiras".

Foram várias as artistas que se apresentaram nos microfones radiofônicos do país que cantavam com os trejeitos de Betty Boop. Entre elas a cantora paulista Cidinha Penteado (que também imitava Olivia Palito e o Pato Donald) e Lydia Campos, que dizia ser brasileira mas na verdade era argentina, e a uruguaia Rosita Castillo Verdaguer, que dizia ser argentina.

Cidinha Penteado, Lydia Campos e Rosita Castillo

Mas a mais famosa "Betty Boop Brasileira" foi sem dúvida a paulista Cida Tibiriçá. Leia mais sobre ela aqui.


Na década de 50 Betty Boop voltou aos holofotes quando seus desenhos passaram a ser exibidos na televisão (muitos deles foram colorizados nesta época). Várias versões de novos desenhos animados, e até longa metragens já foram anunciados ao longo dos anos, mas nenhum deles até o momento foi concretizado. 

Ainda assim, ela é ainda uma das figuras mais icônicas e famosas entre os desenhos animados. Em 2002 a revista TV Guide elegeu Betty Boop como "um dos 50 desenhos animados mais importantes de todos os tempos". E em 2012 ela foi estrela de uma campanha de maquiagem para os olhos da grife Lancôme.


 



Veja também: Quem é A Garota da Tocha na Vinheta de Abertura da Columbia


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