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Jane Russell, a estrela morena de Hollywood





Descoberta pelo polêmico produtor Howard Hughes, Jane Russell teve seu melhor momento no cinema ao lado de Marilyn Monroe em Os Homens Preferem as Louras (Gentleman Prefer Blondes, 1952), e sem a estrela loira, protagonizou a sequência Eles Se Casam com as Morenas (Gentlemen Marry Brunettes, 1955), que não repetiu o sucesso do filme original.

Conhecida principalmente pelos seus atributos físicos, quando colocou as mãos na Calçada da Fama, junto com Monroe, declarou em brincadeira: "Em vez de colocar as mãos deveria imprimir meus seios, e Marilyn seu bumbum."


Marilyn Monroe e Jane Russell imprimindo suas mãos na Calçada da Fama

Ernestine Jane Geraldine Russell nasceu em Minnessota, em 21 de junho de 1921. Jane Russell era filha de um oficial do exército e de uma antiga atriz de Vaudeville, Geraldine Jacobi, que foi modelo para o quadro Retrato de Geraldine J., de Mary Bradish Ticomb.


Retrato de Geraldine J.

Seu pai era contra a filha seguir na carreira artística, mas ele faleceu muito cedo, e Jane foi incentivada pela mãe a se tornar uma atriz. Ela começou a atuar ainda no ensino médio, e fez seus primeiros trabalhos como modelo ainda adolescente.

Sua mãe pagou suas aulas de interpretação com Max Reinhardt e com Maria Ouspenskaya, e seu irmão James Russell também foi ator.

Em 1940 ela foi descoberta pelo controverso produtor Howard Hughes, um magnata excêntrico famoso em Hollywood por suas manias, perfeccionismo, e por descobrir garotas bonitas (com as quais ele se envolvia) que promovia a estrelas de cinema.

Hughes colocou Jane em um rígido contrato de 7 anos, e a proibia de aceitar convites para atuar como atriz emprestada em outros estúdios. Ela havia sido escalada para estrelar O Proscrito (The Outlaw, 1943), que contava a história de Billy the Kid.


Jack Buetel e Jane Russell em O Proscrito


O filme recebeu uma grande publicidade em torno da voluptuosa imagem de Jane Russell, e Hughes inventou um sutiã especial para destacar o seu busto na obra. Mas em sua biografia a atriz declarou que ao experimentar a peça no camarim achou tão desconfortável que nunca a usou, mas Hughes nunca soube disto.

Hughes era famoso por gastar muito dinheiro e tempo em suas produções, fazendo com as filmagens parecessem intermináveis. O filme ficou pronto em 1941, mas só foi lançado, com pouca repercussão, em 1943.

O produtor teve problemas com a censura, que achava a produção ousada demais, por sugerir relações sexuais. Além disto, Hughes fazia questão que o cartaz exibisse um avantajado decote no vestido da atriz, que só foi aprovado pelos censores em 1946, quando o filme realmente teve sua distribuição, e foi um sucesso de bilheteria.

Até 1946, Jane foi proibida de atuar em outros filmes, apesar da intensa campanha publicitária que seu nome recebia desde 1940. Mas a ausência da atriz nas telas limitou a sua carreira, que poderia ter sido melhor.

Jack Buetel só conseguiu atuar a partir de 1951, quando seu contrato com o produtor acabou. E embora Howard Hughes tenha uma grande fama de mulherengo, muitos biógrafos afirmam que ele era bissexual, e que acabou com a carreira de Buetel por ciúmes. Jack nunca recebeu a mesma publicidade que a sua co-estrela.

Inicialmente, O Proscrito tinha mais de 4 horas de duração, mas chegou ao público com pouco menos de 2 horas.



Após o lançamento de O Proscrito, Jane Russell foi emprestada para a United Artists, onde fez Escravas de Uma Lembrança (Young Widow, 1946), que foi um grande fracasso de bilheteria.

Em 1947 ela também iniciou uma carreira de cantora, como crooner de Kay Kyser. Nesta época, ela também lançou um disco, gravado pela Columbia Records.



Em 1948 ela retornou ao cinema, atuando ao lado de Bob Hope na comédia O Valente Treme-Treme (The Paleface, 1948), que foi um grande sucesso de bilheteria, fazendo a dupla repetir a dose em O Filho do Treme-Treme (The Son of the Paleface, 1952).


Jane Russell e Bob Hope em O Valente Treme-Treme

A atriz já não tinha mais contrato com Howard Hughes, mas ele acabou comprando o estúdio da RKO, onde ela era contratada, e acabou trabalhando para o produtor novamente.

Na RKO, ao lado de Frank Sinatra, ela fez Isto Sim é Que é Vida (Double Dynamite, 1951), que não foi bem de bilheterias. Depois, foi escalada para fazer dupla com Robert Mitchum em dois filmes, Seu Tipo de Mulher (His Kind of Woman, 1951) e Macau (Idem, 1952), que fez um enorme sucesso.



A atriz ainda fez Bella e Bandida (Montana Belle, 1952) e uma participação especial em De Tanga e Sarongue (Road to Bali, 1952), antes de fazer seu maior sucesso comercial, Os Homens Preferem as Louras (Gentleman Prefer Blondes, 1952), que estrelou ao lado de Marilyn Monroe.

O filme foi realizado pela Fox, que pediu a atriz emprestada a Hughes, e Jane conseguiu um papel para seu irmão James Russel na produção. Ele interpretava um dos belos rapazes malhando na academia.

Marilyn Monroe e Jane Russell em Os Homens Preferem as Loiras






Howard Hughes desenhou um novo figurino ousado para ressaltar suas curvas, um maio usado em Um Romance em Paris (The French Line, 1953). Em sua biografia ela escreveu que se sentia muito envergonhada em frente a equipe usando o traje.


Jane Russell em  Um Romance em Paris


A atriz ainda estrelaria o filme de aventura O Alforge do Diabo (Underwater!, 1955), que rendeu uma boa bilheteria, mas não pagou seus altos custos de filmagens. Após o fracasso comercial, ela foi demitida da RKO.




Em 1953 Jane Russell montou sua própria produtora de cinema, fundada em parceria com seu marido, o jogador de futebol americano Bob Waterfield, com quem havia se casado em 1943. Mas nem a produtora e nem a carreira de Jane foi muito bem sucedida nesta época.


Com Jeff Chandler, ela atuou em Sangue de Mestiço (Foxfire, 1955) e com Clark Gable atuou no western Nas Garras da Ambição (The Tall Men, 1955). Depois, Jane escalou Jeanne Crain para também estrelar o projeto  Eles Se Casam com as Morenas (Gentlemen Marry Brunettes, 1955), que pretendia ser uma continuação de Os Homens Preferem as Loiras, mas acabou indo mal nas bilheterias.


Jane Russel e Clark Gable em Nas Garras da Ambição


Cartaz de  Eles Se Casam com as Morenas


Ela ainda faria Sangue Ardente (Hot Bloond, 1956), A Descarada (The Revolt of Mamie Stover, 1956) e De Camisola Cor-de-Rosa (The Fuzzy Pink Nightgown, 1956), que era inspirado em um livro de sucesso, e que acabou inspirando uma bizarra história protagonizada na vida real pela atriz Marie McDonald, no ano seguinte.

Marie simulou um falso sequestro, para ganhar publicidade, e tentar reavivar sua carreira. Já contamos esta história aqui.

Nenhuma das últimas produções estreladas por Jane Russell fez sucesso, e ela encerrou sua produtora em 1957.



Cartaz de De Camisola Cor-de-Rosa


Na segunda metade da década de 1950 ela também retomou a sua carreira de cantora, formando inclusive um quarteto gospel, o Hollywood Christian Group, com Connie Hanies, Beryl Davis e Della Russell (que não era sua parente). A canção Do Lord chegou a ficar nas paradas de sucesso da Billboard. Posteriormente, a atriz Rhonda Fleming substituiria Della Russell no conjunto.







Com uma carreira toda baseada na sensualidade e erotismo, que fizeram da atriz um dos maiores "sex symbol" de sua época, Jane Russell era uma conservadora religiosa, mantendo inclusive um tradicional grupo de orações em Hollywood.

Ela tentou levar Marilyn Monroe para à igreja. A famosa loira platinada certa vez declarou em uma entrevista "Jane tentou me converter, e teu tentei apresentá-la a Freud!".

Em 1940, quando havia recém sido contratada por Howard Hughes, Jane Russell foi obrigada a se submeter a um aborto por ordem do produtor. O procedimento foi mal sucedido, e a atriz nunca mais conseguiu engravidar.

Com Bob Waterfield ela adotou três crianças, e se descrevia como "vigorosamente pró-vida". Em 1955 ela criou uma fundação que facilitava a adoção de crianças órfãs, e ajudou a criar leis que permitiam que americanos pudessem adotar crianças estrangeiras, muitas delas que havia perdido os pais durante a Segunda Guerra Mundial.

A fundação de Jane Russell ajudou mais de 50 mil crianças a serem adotadas.


Jane Russell e dois de seus filhos adotivos


Jane se divorciou do seu primeiro marido em 1968, e dois meses depois se casou com o ator Roger Barrett, mas a união durou pouco, pois Barrett morreu de um ataque cardíaco dois meses após o casamento, com apenas 47 anos de idade.


Jane Russell e Roger Barrett


Jane havia abandonado o cinema em 1957, segundo ela "por que estava ficando velha demais para Hollywood, e sabia que não receberia mais convites com quase 40 anos".

Ela continuou cantando, e chegou a ser dona de uma casa noturna, onde se apresentava regularmente, embora ocasionalmente aparecesse em algum programa de televisão.

Em 1966 ela retornou ao cinema, atuando em Duelo no Oeste (Johnny Reno, 1966). Ela ainda atuaria em Dilema de um Bandido (Waco, 1966), Nascido Para Perder (The Born Losers, 1967) e A Morte Não Marca Hora (Darker Than Amber, 1970). Em 1971 ela atuou pela primeira vez na Broadway.


Jane Russell em Nascido Para Perder


Em 1980 ela ainda atuaria no telefilme The Jackass Trail (1980), e ainda apareceria na novela The Yellow Rose (1984) e fez uma participação na série Tiro Certo (Hunter), em 1986.



Fred Dryer e Jane Russell em Tiro Certo


A atriz ainda foi casada com John Calvin Phillips, em uma união que durou de 1974 até 1999, quando Phillips faleceu.

Jane foi alcoólatra boa parte de sua vida, e em 2003 se internou em uma clínica de reabilitação, aos 79 anos de idade. Ao sair da clínica, declarou "agora eu sou abstêmia, mal humorada, de direita, de mente estreita, cristã conservadora e preconceituosa, mas não racista".

Em 2004, quando Martin Scorsese produzia o filme O Aviador (The Aviator, 2004), sobre a vida de John Hughes, o ator Leonardo Di Caprio procurou a veterana atriz aposentada, e conviveu com ela por meses, para saber mais detalhes sobre a vida de Hughes, personagem que ele interpretou.


Jane Russell e Leonardo Di Caprio

 
Jane Russel morreu em sua casa em Santa Maria, Califórnia, em 28 de fevereiro de 2011, vítima de  insuficiência respiratória, aos 89 anos de idade.









Veja também: A Outra Doris Day



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