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Evelyn Preer, a primeira estrela negra de Hollywood


Muitos historiadores consideram a atriz Nina Mae McKinney (1912-1967) como a primeira estrela negra a conquistar Hollywood. Nina Mae estrelou Aleluia (Hallelujah, 1929), e foi a primeira atriz negra a ter um papel de destaque na MGM, protagonizando um dos primeiros musicais do famoso estúdio.

Porém, antes dela, Evelyn Preer já era protagonista em diversas produções, desde 1919, ainda nos tempos do cinema mudo.


Nina Mae McKinney


Evelyn Preer


Evelyn Jarvis nasceu no Mississipi, em 26 de julho de 1896. Seu pai morreu quando ela era muito pequena, e Evelyn mudou-se com a mãe e os irmãos par Chicago, Illinois. Preer chegou a terminar o ensino médio, ao mesmo tempo que acompanhava a mãe em pregações religiosas nas ruas.

O fato de pregar nas ruas da cidade fez Evelyn perder a vergonha do público, e ela começou a se apresentar em em espetáculos de Vaudeville. Evelyn Preer se tornou uma estrela do chamado "Chitlin Circuit", que eram espetáculos seguros para artistas negros, que não podiam se apresentar em qualquer palco durante a segregação racial norte-americana (iniciada no século XIX e que durou até a década de 1960). Chitlin é o nome de um prato típico do sul, feito com intestino de porco, muito comum na comunidade negra e carente do país.

Evelyn foi a primeira artista afro-americana a ganhar popularidade e celebridade no país. Em 1915 ela se casou pela primeira vez, e alguns biógrafos acreditam que seu primeiro marido tenha sido o ator Lawrence Chenault.




Em 1919, aos 23 anos de idade, ela estreou no cinema como a protagonista de The Homesteader (1919), primeiro filme do pioneiro cineasta negro Oscar Micheaux. Devido a política de segregação, os negros americanos não podiam frequentar os mesmos clubes, teatros e casas de espetáculos frequentadas por brancos. Então surgiam nos países locais destinados a população excluída, e isto incluía cinemas com preços populares, em bairros mais baratos.

Oscar Micheaux foi o primeiro cineasta negro dos Estados Unidos, e produzia filmes com atores também negros, para serem exibidos nestas salas, que anteriormente reproduziam grandes produções de Hollywood, estreladas por brancos. Ele queria que o público excluído pudesse se ver representado nas telas, e criou o gênero chamado de "cinema da raça".




Oscar Micheaux promoveu Evelyn Preer a sua atriz principal, e promoveu uma turnê de exibição do filme com a presença da artista, além de patrocinar uma grande campanha publicitária, que lhe valeu o título de "primeira dama das telas", entre a comunidade negra.

Preer estrelou 9 filmes de Micheaux, inclusive o famoso Nos Limites dos Portões (Whithin Our Gates, 1920), que era uma resposta ao racista O Nascimento de Uma Nação (The Birth of a Nation, 1915), ícone racista dirigido por D.W. Griffith, que fazia apologia a Klu Klux Kan.


Evelyn Preer no cartaz de Nos Limites dos Portões 

Evelyn Preer no cartaz de Birthright (1924) 


Em 1920 ela se juntou a companhia The Lafayette Players, fundada em 1915 por Anita Bush, pioneira atriz do teatro, conhecida como "A Pequena Mãe do Teatro Negro". Sua companhia fez tanto sucesso, que conseguiu se apresentar em teatros destinados para os brancos, e conseguiu reavivar o interesse pelo Vaudeville, que vinha perdendo popularidade.




Evelyn Preer conseguiu a façanha de chamar a ateção da imprensa branca, e começou a aparecer em espetáculos com elenco que misturavam atores de raças diferentes. Ela atuou com Lenore Ulric em uma peça da Broadway, e estrelou Woman's Fortune, de Willis Richardson, o primeiro dramaturgo negro a conseguir montar um espetáculo na Broadway. Também viveu Sadie Thompson em uma montagem de Chuva, de Somerset Maugham

Paralelamente, ela ainda filmava com Micheaux (eles trabalharam juntos até 1927), e cantava em cabarés e teatros, e chegou a gravar alguns discos. Ocasionalmente, ela era apoiada por músicos em começo de carreira, como Duke Ellington e Red Nichols




Em 1927 ela foi protagonista do curta-metragem musical The Melancholy Dame (1927), dirigido por Arvid E. Gillstrom, com quem fez outros filmes. Foi o primeiro filme musical falado estrelado por uma atriz negra, lançado meses antes de Aleluia, de Nina Mae McKinney.

De sua filmografia, que inclui 19 títulos, é um dos poucos filmes que sobreviveram ao tempo.


Evelyn Peer em The Melancholy Dame


Ela também fez mais dois curta-metragens  com o diretor William Watson em 1929, e em 1930 estrelou o musical Georgia Rose (1930), uma produção independente de baixo orçamento.




Em muitos de seus filmes, ela contracenou com o ator Edward Thompson, seu colega do Lafayette Players, com quem ela havia se casado em 1924. Edward Thompson faria pequenos papéis em Hollywood, até 1942.


Edward Thompson e Evelyn Preer


O sucesso de Evelyn Preer fez com que Hollywood tentasse contratá-la diversas vezes, mas ela recusou todos os papéis que achasse degradante. Ela havia feito diversas mocinhas e algumas vilãs, e se recusava a aceitar papéis menores como empregadas domésticas caricatas ou nativas de algum lugar exótico. E ao recusar papéis estereotipados, ela acabou limitando as suas chances na grande indústria cinematográfica.

Ela aceitou um papel em Good Sport (1931), na Fox e na Paramout coadjuvou Sylvia Sidney em Almas Cativas (Ladies of the Big House, 1931). O filme era um drama prisional, e Evelyn Preer era uma das presidiárias.

A atriz ganhou muitos elogios da crítica, e acabou assinando contrato com a Paramount, que a escalou para o seu papel mais famoso em um grande estúdio, a prostituta Viola em A Vênus Loira (Blonde Venus, 1932), estrelado por Marlene Dietrich.

Infelizmente, pouco tempo depois do lançamento do filme, Evelyn Preer faleceu. Ela havia dado à luz a sua primeira filha em abril de 1932, mas acabou tendo complicações no parto, ficando internada desde então. Em 17 de novembro de 1932 ela faleceu de pneumonia, com apenas 36 anos de idade.

Sua filha, Edeve Thompson tornou-se freira na adolescência, e mais tarde tornou-se uma pesquisadora acadêmica e professora universitária. Mais tarde ela tornou-se uma grande pesquisadora da história do cinema negro nos Estados Unidos.





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