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Raymond Burr, o eterno Perry Mason

 

Embora tenha atuado em muitos filmes na década de 1950, incluindo clássicos como Um Lugar ao Sol (A Place in the Sun, 1951), Janela Indiscreta (Rear Window, 1954) e Godzilla, o Monstro do Mar (Godzilla: King of the Monsters!, 1956), o primeiro filme norte-americano do monstro Godzilla, foi na televisão que Raymond Burr ficou famoso. Ele deu vida ao famoso advogado Perry Mason na série de televisão produzida entre 1957 e 1966, e mais tarde também protagonizou a série Têmpera de Aço (Ironside, 1967 - 1975).




William Raymond Stacy Burr nasceu em New Westiminster, em 21 de maio de 1917, mas foi criado na Califórnia a partir dos 6 anos de idade, após a separação dos seus pais. Burr sempre foi um homem de porte avantajado, e dizia que nasceu com 5,8 quilos.

E embora existam muitas informações sobre sua vida antes da fama, muitas das histórias contada por ele eram inventadas, pelo próprio ou por agentes de publicidade dos estúdios. Raymond Burr dizia que aos 12 anos de idade, por aparentar ser mais velho, foi morar no Novo México, onde trabalhou como ajudante de fazenda (onde teria desenvolvido sua paixão por cultivar coisas), e que nesta época passou a andar com um grupo de universitários, que achavam que ele já era um jovem adulto.




Segundo o ator, em uma informação nunca comprovada, ele estreou como ator em 1934, em uma companhia teatral de Toronto, no Canadá. Com este grupo, teria feito apresentações na Índia, Austrália e Inglaterra.

Porém, só existem registros de Burr como ator a partir de 1937, quando fazia parte da companhia Pasadena Playhose. Em 1940 ele se mudou para Nova York, e estreou na Broadway em Crazy With the Heat, um musical produzido por Kurt Kasznar, que ficou poucos dias em cartaz.

Em 1944 Burr fez sucesso na peça The Duke in Darkness (1944), e acabou recebendo um convite para atuar na RKO. Sua estreia no cinema foi em um papel não creditado em Romance e Fantasia (Without Reservations, 1946).


Raymond Burr em Romance e Fantasia

O ator fez mais de 50 filmes entre 1946 e 1957, geralmente interpretando vilões, que o estabeleceram como um ícone dos filmes noir. Seu primeiro noir foi Desesperado (Desperate, 1947), de Anthony Mann. Neste gênero, atuou ainda em filmes como Sonha, Meu Amor (Sleep, My Love, 1948), Entre Dois Fogos (Raw Deal, 1948), Caminho da Tentação (Pitfall, 1948), Espiões (Walk a Crooked Mile, 1948), Abandoned (1949), Desafiando o Perigo (Red Light, 1949), Reinado do Crime (Borderline, 1950), Desmascarado (Unmasked, 1950), O Maldito (M, 1951), Seu Tipo de Mulher (His Kind of Woman, 1951), Cruéis Dominadores (The Whip Hand, 1951), Mulher e Crime (F.B.I. Girl, 1951), Ao Compasso da Vida (Meet Danny Wilson, 1952), A Gardênia Azul (The Blue Gardenia, 1953), Passos em Falso (Mannequins Für Rio, 1954), Da Ambição ao Crime (Crime of Passion, 1956), Um Grito na Escuridão (A Cry in the Night, 1956) e Crime Sem Perdão (Affair in Havana, 1957).


Lizabeth Scott e Raymond Burr em Caminho da Tentação 


Seus personagens eram ao mesmo tempo assustadores e patéticos. Sobre seus personagens nos filmes noir, anos mais tarde, o ator declarou: "Eu estava na casa dos vinte anos interpretando homens muito mais velhos. Eu ameacei Claudette Colbert, Lizabeth Scott, Paulette Goddard, Anne Baxter, Barbara Stanwyck... Aquelas garotas olhavam para mim e gritavam, e você pode culpá-las? Fui afogado, espancado, esfaqueado, tudo pela arte. Mas eu sabia que estava terrivelmente acima do peso. Faltava-me autoestima. Eu tinha 25 anos e interpretava homens de 50."




Burr também atuou em alguns westerns, e fez muitos filmes de aventura e fantasia neste período, aparecendo em Tapete Mágico (The Magic Carpet, 1951), O Veneno dos Bórgia (Bride of Vengeance, 1949), As Aventuras de Don Juan (Adventures of Don Juan, 1948), Tarzan e a Mulher Diabo (Tarzan and the She-Devil, 1953), além de ter atuado na comédia O Meninão (You're Never Too Young, 1955), estrelada por Jerry Lewis e Dean Martin.


Raymond Burr e Lex Baker em Tarzan e a Mulher Diabo


Jerry Lewis e Raymond Burr em O Meninão


Mas seus papéis mais marcantes na época foram o agressivo promotor em  Um Lugar ao Sol (A Place in the Sun, 1951) e o vizinho que James Stewart suspeita ter assassinado a esposa em Janela Indiscreta (Rear Window, 1954), de Alfred Hitchcock. Ele também atuou na ficção cientifica Godzilla, O Monstro do Mar (Godzilla: King of the Monsters!, 1956) e na sequência Godzilla (Idem, 1957), os primeiros filmes de Godzilla feitos nos Estados Unidos. Godzilla, O Monstro do Mar era uma produção em 3D.



Montgomery Clift e Raymond Burr em Um Lugar ao Sol


Ramond Burr em Janela Indiscreta


Cartaz de Godzilla, O Monstro do Mar


Na mesma época o ator também era um grande cartaz do rádio, onde podia usar sua potente voz, sem se preocupar se seus 136 quilos limitaria seus papéis. Em 1956, na CBS, ele foi a estrelada de Fort Laramie, escrito e dirigido pelos criadores da série de TV Gunsmoke. Raymond Burr interpretava o capitão da cavalaria Lee Quince, e o programa fazia muito sucesso entre os ouvintes.



Raymond Burr no rádio


Na década de 1950 Burr também era um prolífico ator convidado na televisão. Ele havia feito sua estreia na TV em 1951, e no mesmo no participou do episódio de estreia da série Dragnet. Mas foi em 1956 que ele conquistou definitivamente a televisão.

Os produtores de Perry Mason (Idem, 1956-1966) haviam assistindo seu desempenho em Um Lugar ao Sol, e o chamaram para fazer um teste para o promotor público Hamilton Burger, um novo drama de tribunal produzido pela CBS. Mas gostaram tanto do teste do ator, que o convidaram para protagonizar o programa, no papel do advogado Perry Mason, aquele que nunca perdia um caso.

Burr fez uma rígida dieta para emagrecer 27 quilos, para poder ficar com o papel. A série fez um enorme sucesso, e valeu ao ator três indicações consecutivas ao Emmy, e ele venceu em 1959 e em 1961. No Brasil, Perry Mason era exibido na TV Record.


Raymond Burr e Barbara Halle em Perry Mason


Raymond Burr e um de seus prêmios Emmy


Raymond Burr em Perry Mason


Originalmente, o ator quis conciliar o trabalho em Perry Mason com a carreira radiofônica, exigindo que as gravações do programa não impedissem que ele continuasse no rádio. Mas logo Burr percebeu que isto seria impossível, devido aos longos períodos de filmagem. 

Raymond teve que deixar o rádio, mas convidou mais de 150 colegas radiofônicos para atuar em episódios de Perry Mason. Sem tempo também para fazer cinema, ele atuou em um único filme durante os quase dez anos de programa, protagonizando Ecos do Passado (Desire in the Dust, 1960).


Cartaz de Ecos do Passado


Quando Perry Mason foi cancelada, ele assinou contrato com a NBC, onde estrelo outra bem sucedida série, Têmpera de Aço (Ironside, 1967 - 1975). No episódio piloto, seu personagem Robert T. Ironside, o chefe dos detetives de São Francisco, levava um tiro, e ficava paralisado, dependendo de uma cadeira de rodas para se locomover. Pelo papel, Burr recebeu seis indicações ao Emmy e duas indicações ao Globo de Ouro.





Depois Raymond Burr estrelou outra série de TV, Kingston: Confidential (1976-1977), que não fez o mesmo sucesso que os programas anteriores do ator. O programa durou apenas 13 episódios.

Em 1977 ele voltou a viver o personagem Steve Martin, que havia interpretado no filme Godzilla de 1956, em Godzilla (Idem, 1977), que foi filmado na Itália, Estados Unidos e Japão.





O ator ainda apareceu nos filmes O Amanhã Não Virá (Tomorrow Never Comes, 1978), Anos de Rebeldia (Out of the Blue, 1980), O Retorno (The Return, 1980) e foi o juiz na comédia Apertem os Cintos, o Piloto Sumiu 2 (Airplane II; The Sequel, 1982).  Além de atuar também em alguns telefilmes no período.



Raymond Burr em Apertem os Cintos, o Piloto Sumiu 2



Em 1985 ele interpretou Steve Martin novamente em Godzilla 1985 (Idem, 1985). No mesmo ano ele foi convidado para viver Perry Mason mais uma vez, no telefilme O Retorno de Perry Mason (Perry Mason Returns, 1985).

O ator aceitou o convite com uma condição, que Barbara Halle, que interpretou sua secretária Della Street na série original, também fosse contratada para reviver seu papel. Barbara Halle é mãe do ator William Katt, o astro de Super-Herói Americano (The Greatest-American Hero).

O resto do elenco original já havia falecido, e Katt interpretou Paul Drake Jr., em homenagem ao ator William Hooper, o Paul Drake original.


Raymond Burr e Barbara Halle em O Retorno de Perry Mason



Burr ainda atuaria em Delírios (Delirous, 1991), ao lado de John Candy, e faria outros 25 filmes como Perry Mason (todos feitos para a televisão) entre 1985 e 1993. Diagnosticado com um câncer renal inoperável.

Nos últimos filmes de Perry Mason, ele estava tão debilitado que dependia de uma cadeira de rodas para se locomover, e sempre aparecia sentado, ou apoiado em uma mesa.


Barbara Halle e Raymond Burr em Perry Mason: The Case of the Killer Kiss (1993), seu último filme


E usando sua própria cadeira de rodas, ele também fez Investigação Policial (The Return of Ironside, 1993), onde retomou o personagem Ironside, de Têmpera de Aço.



Raymond Burr em Investigação Policial



 Raymond Burr estava escalado para outros 12 filmes do personagem, quando morreu em 12 de setembro de 1993, aos 76 anos de idade.


Raymond Burr foi casado com a atriz Isabella Ward, entre 1948 e 1952. Após o divórcio, nenhum dos dois voltou a se casar. E muitos biógrafos acreditam que o casamento foi de fachada, imposto pelo estúdio, para esconder o fato de que o ator era gay.

Burr também afirmava que havia ficado viúvo duas vezes. Sua primeira esposa, uma atriz de nome Annette Sutherland, teria morrido no mesmo acidente de avião que matou o ator Leslie Howard (em 1943), porém não há registros de nenhuma passageira com este nome no voo.

O ator também afirmava que sua segunda esposa, Laura, havia morrido de câncer em 1950. Ela seria mãe de seu filho, Evan, que teria morrido de leucemia em 1953, aos 10 anos de idade. Segundo Raymond Burr, antes do filho falecer, ele viajou com o menino pelos Estados Unidos inteiro durante um ano, antes de sua morte. Porém, entre 1952 e 1953 o ator atuou em cerca de 20 filmes, tornando impossível uma viagem de um ano. Além disto, não existem registros dos casamentos, nem da existência destas pessoas.

Assim como a falsa carreira no atletismo, e histórias de heroísmo na Segunda Guerra Mundial, acredita-se que esta falsa biografia foi criada pelos estúdios para esconder a homossexualidade do ator. Por imposição dos produtores, Raymond Burr e Natalie Wood encenaram um namoro, antes da atriz ser obrigada a fingir namorar Tab Hunter.



Natalie Wood e Raymond Burr


Em 1960 Raymond Burr conheceu Robert Benevides, um produtor que havia tido uma modesta carreira como ator. Eles logo passaram a viver juntos, e a união durou 33 anos, até a morte de Burr. Eles moravam em uma grande propriedade, onde produziam orquídeas para venda, e que mais tarde foi transformada em uma vinícola comercial.


Robert Benevides, nos tempos em que atuava


Quando morreu, em seu testamento, o ator deixou tudo para o companheiro Benevides, embora seus sobrinhos tenham contestado a herança na justiça (e perderam). A empresa cresceu tanto, que eles tinham plantações também em Fiji, Havaí, Portugal (Açores) e na Califórnia.


Raymond Burr e Robert Benevides


Raymond Burr




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