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Morre vítima da Covid-19 Maria José Valério, a cantora portuguesa que encantou o Brasil

Maria José Valério cantando na TV Tupi do Rio de Janeiro

Morreu em Portugal a cantora Maria José Valério, uma das mais queridas artistas do país. Ela também fez temporadas bem sucedidas no Brasil, onde foi atração internacional em diversas casas noturnas e programas de televisão. Maria José Valério estava internada desde o dia 22 de fevereiro, e morreu de complicações da Covid-19.


Maria José Valério nasceu em Amadora, Portugal, em 06 de maio de 1933. Ela começou a cantar em 1950, no Liceu D. João de Castro, onde era colega da atriz Lurdes Norberto.

Em 1952 ingressou na na Emissora Nacional de Lisboa, principal rádio portuguesa. Ela era sobrinha do maestro e compositor Frederico Valérioprecursor do fado-canção moderno, autor de sucessos como Ai, Mouraria, Fado Malhoa, Sabe-se lá entre outros.

Com diversos discos gravados, seu maior sucesso musical foi Menina dos Telefones, lançada em 1962.


Maria José foi casada com o toureiro José Trincheira, com quem chegou a morar durante um ano em Angola, na década de 1960. Na época, Angola era um território português. A cantora gravou o passo double Trincheira, em homenagem ao ex marido.


Em 2015 a jornalista brasileira Thais Matarazzo publicou o livro O Fado nas Noites Paulistas, onde retratava, entre outros artistas, a cantora Maria José Valério. Thais nos conta que entre outros sucessos da cantora estão Bom dia, Lisboa, Pregão do Ardina, O Fado, Fado da solidão, Sem ti são longos os caminhos, Canção do assobio, Só em Paris, Meu amor é italiano, Menina destravada, Tômbola twist, Quando o meu namorado fala comigo e Santo Antônio do Estoril.

Maria José Valério veio inúmeras vezes ao Brasil, algumas dela como artista, outras como turista. Em 1967 fez suas primeiras apresentações em casas noturnas brasileiras e se apresentou em diversos programas de televisão por aqui.

Nota da revista Cinelândia (1967)

Maria José Valério também trabalhou no teatro de revista português, e entre 1972 e 1973 fez sua mais bem sucedida turnê brasileira, conforme registrou Thais Matarazzo. Inicialmente, ela foi contratada pelo restaurante português Abril em Portugal, que ficava na Rua Caio Prado, em São Paulo.


Por aqui, a cantora foi anunciada como fadista. Thais recorda que "Maria José Valério foi anunciada como fadista. Acontece que houve uma falha por parte dos contratantes na divulgação, pois a intérprete lusa não cantava somente fados, também interpretava sucessos estrangeiros (...) o que deixou os clientes do restaurante  insatisfeitos com as atuações da artista, que ao invés de cantar músicas portuguesas, interpretava muitas músicas internacionais."

No Brasil, a cantora cantou nos restaurantes típicos Adega Lisboa Antiga, Casa Amarela, Solar do Taveira, Cozinha D'El Rei e no tradicional Clube Harmonia, na Avenida Paulista. sua digressão brasileira teve apresentações em São Paulo e Rio de Janeiro, onde também se apresentou em diversos programas da nossa televisão.

Maria José Valério na TV Cultura

O jornal português Diário de Notícias chegou a relatar que Maria José Valério atuou no filme O Homem do Dia (1958), mas Maria José Valério nunca atuou diante das câmeras do cinema. Na verdade, houve uma confusão com a fadista Maria José da Guia, como esclarece o pesquisador Paulo Borges.

Muito querida pelas comunidades luso-brasileiras, Maria José Valério nunca deixou de cantar e também era uma referencia nas tradicionais Marchas Portuguesas . Apaixonada pelo time de futebol Sporting, de Portugal, gravou o Hino do Sporting, e adotou uma mecha verde em seus cabelos, em homenagem as cores do clube, que prestou um tributo pelo seu passamento.


Maria José Valério, em homenagem do Sporting


Maria José Valério e Amália Rodrigues

A jornalista Thais Matarazzo comentou sobre a morte da cantora: "Fiquei triste em saber do falecimento da Maria José Valério, a Zezinha para os amigos. Foi uma grande artista portuguesa. Bem-humorada, talentosa e carismática fazia amigos por onde passava. A conheci em Lisboa por intermédio do amigo Miguel Villa. Lembro-me que ela sempre usava camisetas com fotos da Amália Rodrigues, e tinha uma mecha verde no cabelo: 'sou torcedora fanática do Sporting Clube de Portugal', explicou. Achei sensacional! Sua jovialidade era expressada em seus olhos e jeito de ser. Almoçamos juntas e uma vez fomos aos fados. Ela contava várias histórias divertidas de quando esteve no Brasil. Em junho de 2015, Maria José me deu a honra de estar no primeiro lançamento da editora Matarazzo na Casa do Brasil em Lisboa. Na ocasião me entregou uma toalha lindíssima com bordados portugueses e disse. '- Não é para você não, é para sua sua mãezinha!'. Vasculhando a memória afetiva, só tenho boas recordações da querida Zezinha!"

Thais Matarazzo e Maria José Valério

Particularmente, eu (Diego Nunes, autor desta página) tenho uma admiração muito especial por Maria José Valério, que foi prestigiar o lançamento de meu livro quando o lancei em Portugal, em 2015. Além de sua alegria e simpatia, fica em minha memória a forma carinhosa e alegre com a qual ela tratou minha mãe, que me acompanhava na viagem.

A Maria José Valério, muito obrigado pela sua jornada e paz em sua alma.





Para saber mais sobre Maria José Valério, acesse aqui.

Para conhecer mais o trabalho de Thais Matarazzo, acesse aqui.

Com agradecimento especial aos pesquisadores portugueses Luis Miguel Ribeiro (dono do acervo fotográfico aqui apresentado) e Paulo Borges, especialista em cinema português.


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