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Tudo Pela Fama? O falso sequestro da atriz Marie McDonald


A bela atriz Marie McDonald poderia ter sido uma grande estrela, e realmente teve grandes oportunidades. Em 1947, após assinar um contrato milionário com MGM ela estrelou o musical Vida à Larga (Living in Big Way, 1947), ao lado de ninguém menos que Gene Kelly, um dos maiores astros do estúdio.

Dez anos depois, com uma carreira em decadência devido a diversos escândalos e escolhas erradas, Marie protagonizou uma das histórias mais estranhas de Hollywood, um falso sequestro, até hoje não totalmente explicado.

Marie McDonald e Gene Kelly em Vida à Larga



Em janeiro de 1957 Marie Tuboni, a mãe de McDonald recebeu um telefonema que a deixou em pânico. Um homem do outro lado da linha dizia que tinha sequestrado sua filha. Tuboni dirigiu até a casa da filha, e encontrou a casa aberta, e um bilhete na caixa de correio, onde os sequestradores diziam que iam entrar em contato em breve.



Harry Karl, ex marido de Marie, recebeu um bilhete semelhante. Outros telefonemas foram feitos pelos sequestradores para a sua família, exigindo que a polícia não fosse comunicada. Mas as coisas começaram a ficar estranhas na história quando a própria atriz fez três telefonemas.

Marie McDonald ligou para seu agente, Harold Pant, para seu namorado, o ator Michael Wilding (que havia deixado sua esposa, Elizabeth Taylor, para ficar com Marie) e para Harrison Carroll, um famoso colunista de fofocas de Hollywood. Todas as ligações foram interrompidas pelos supostos sequestradores, agredindo a atriz.

Marie McDonald e Michael Wilding

Nas ligações, a atriz disse que alguns homens invadiram a sua casa, e injetaram nela alguma substância que a sedou, e que eles queriam 30 mil dólares pelo resgate.

Dois dias depois, Marie foi encontrada andando por uma estrada, quase na fronteira com o México. Ela estava desnorteada e usando um pijama e roupão. Segundo a atriz, os sequestradores a soltaram após ouvir a repercussão do caso ser noticiada no rádio do carro.

Foi um motorista de caminhão que encontrou a atriz, que tinha marcas de agressão no corpo, e estava com um olho roxo e dois dentes quebrados. A imprensa correu para o local, para saber notícias sobre o caso.



Marie McDonald e um policial


Porém, a história da atriz começou a não fazer sentido, a medida que ela prestava depoimento na polícia. Marie se contradizia e mudava sua história a cada instante, embora tenha passado no teste do poligrafo. Mas durante a investigação, foi encontrado na casa de Marie um jornal recortado, cujas letras compunham o bilhete enviado para a sua mãe.

Em sua casa também, foi encontrado uma cópia do romance The Fuzzy Pink Nightgown, cujo o enredo contava a história de uma estrela de cinema sequestrada por dois homens. O caso de Marie era praticamente idêntico ao livro.

Seu ex-marido, Harry Karl disse que Marie havia inventado a história para chamar a atenção e voltar à mídia, ele também declarou que devido ao temperamento explosivo da atriz, duvidava que dois homens conseguissem segurá-la. Marie McDonald, por sua vez, acusou o ex marido de ter mandando sequestrá-la. 

Acreditando ser uma farsa publicitária, as investigações foram encerradas. E em agosto daquele ano, chegou aos cinemas a versão cinematográfica do referido livro, De Camisola Cor-de-Rosa (The Fuzzy Pink Nightgown, 1957), estrelado por Jane Russell, com cabelos platinados.

Após inúmeras trocas de acusações, Marie e Karl, que já haviam se casado em duas ocasiões, retomaram o relacionamento.


Marie McDonald, uma vida de polêmicas 

Esta não foi a primeira vez que Marie estampou os jornais com publicidades negativas, Sua vida em Hollywood foi repleta de controvérsias. 


Cora Marie Frye nasceu no Kentucky, em 06 de julho de 1923. Sua mãe havia sido dançarina de vaudeville, e sua avó uma cantora de ópera. Já seu pai era um agente carcerário.

Seis pais se divorciaram quando ela tinha seis anos de idade, e sua mãe mudou-se com a filha para Nova York, em 1935. Na nova cidade, a mãe de Marie se casou com John Tuboni, dono de uma boate.

Marie McDonald queria ser jornalista, e ganhou uma bolsa de estudos integral, mas sua mãe a aconselhou a abandonar o curso e entrar para o show business. Ela começou a trabalhar como modelo, e chegou a disputar o Miss America, em 1939.

Ela perdeu o concurso, mas foi convidada para trabalhar com o empresário Earl Carroll, que a levou para a Broadway, ainda em 1939. Em 1940 ela abandonou a produção de um espetáculo para se casar com o ator Richard Allord. Mas após descobrir que o anel de diamantes que havia ganho era falso, deixou o novo marido depois de 48 horas de matrimônio (embora o casamento só tenha sido anulado um ano depois).

Marie logo começou a namorar com Sir Charles Frederick Bernard, um empresário teatral, que pagou para ela arrumar os dentes (eram separados), mas logo o relacionamento também chegou ao fim, e ela se mudou para Hollywood, em busca de uma carreira no cinema.

Marie McDonald entretanto, só conseguiu um emprego como corista em uma boate, e resolveu voltar para Nova York. Ela começou a cantar em boate local, e acabou sendo descoberta pelo músico Tommy Dorsey, que a convidou para ser crooner em sua orquestra.

Ela era uma boa cantora, e também cantou com Charlie Barnett, mas ganhava muito pouco com os orquestras. Para compensar a renda, fazia trabalhos como vendedora de cigarros em uma boate.



Um agente de talentos a viu vendendo cigarros, e lhe ofereceu um papel no cinema. Marie estreou em Um Raio de Sol (It Started With Eve, 1941), num pequeno papel, como uma vendedora de cigarros.

Contratada pela Universal, ela fez apenas pequenos papéis no estúdio, mas ganhou notoriedade ao namorar o astro Bruce Cabot, e o casal chegou a anunciar o casamento.


Marie foi dispensada da Universal em 1942, mas disposta a elevar sua carreira, ela contratou o famoso agente Vic Orsatti, que logo lhe arrumou um contrato na Paramount, e a convenceu a platinar os cabelos, que eram escuros.

Orsati logo conseguiu para ela um importante papel em  Coração de Pedra (Lucky Jordan, 1942).

Helen Walker, Alan Ladd e Marie McDonald em Coração de Pedra

Marie então abandonou Bruce Cabot, e fugiu para Las Vegas para se casar com Orsati, seu agente. Mas a Paramount não gostou da repercussão negativa, e a demitiu.

Ela assinou contrato com o produtor Hunt Stromberg, que lhe deu alguns papéis menores. Mas em 1946 ela o processou, acusando-o de roubar dinheiro de seus investimentos, além de não ter feito nada para promover sua carreira.

Durante o período com Stromberg, apesar de ter feito papéis inexpressivos (e até algumas figurações), Marie McDonald fez vários trabalhos posando com pin up, o que lhe deu grande popularidade, e lhe rendeu o apelido de "The Body" (o corpo).


Com uma carreira irregular, sem grandes sucessos, alguns escândalos  e um processo em sua biografia, ela surpreendeu a todos quando assinou um contrato milionário na MGM, e logo foi escalada para fazer par romântico com o grande astro Gene Kelly, recentemente indicado ao Oscar por Marujos do Amor (Anchors Aweigh, 1945), no musical Vida à Larga (Living in Big Way, 1947).


O filme era uma super produção, mas foi um grande fracasso de bilheterias, tanto que encerrou a carreira do veterano diretor Gregory La Cava, no cinema desde 1916.

A MGM acusou Marie de ser a culpada pelo desempenho ruim do filme, e indignada, ela gastou uma fortuna para comprar seu contrato, rompendo com o estúdio. McDonald também deixou Orsati, e engatou um romance com o mafioso Bugsy Siegel. Mas ele a deixou, porque a atriz se atrasava constantemente.

Pouco tempo depois, Bugsy Siegel seria assassinado na porta de hotel, para a sorte de Marie McDonald, que não estava com ele naquele momento.

Meses depois, a atriz se casou com com Harry Karl, um magnata dos calçados.

Tentando mudar a sua imagem, ela deixou seus cabelos com a cor natural, castanhos, mas sua carreira estagnou. Além disto, sua saúde estava fragilizada, ela sofria com várias ulceras e tinha desmaios constantes. Karl gastou uma fortuna em médicos para tratar a nova esposa. Marie McDonald também tentou engravidar, e sofreu seis abortos espontâneos. O casal então resolveu adotar duas crianças.

A atriz só retornou ao cinema em um pequeno papel em Loucuras de Amor (Tell It to the Judge, 1949). Depois fez Ladrão de Corações (Once a Thief, 1950), e na Republic, estrelou O Romântico Jogador (Hit Parade of 1951, 1950).


Em 1950 ela fez de tudo para conseguir o papel principal de Nascida Ontem (Born Yesterday, 1950), mas perdeu a chance para Judy Holliday, que levou o Oscar pelo desempenho. Decepcionada, Marie então anunciou que estava aposentada, e seria mãe em tempo integral.

Ela conseguiu engravidar em 1952, mas o bebê nasceu morto. Em depressão, ela começou a tomar remédios, que mais tarde tornaram-se um vício. Longe das telas, mas não longe dos paparazzi, ela bateu o carro após dirigir sob efeito de sedativos, e acabou presa.

Harry Karl, em seguida pediu o divórcio, em 1954. Mas poucos meses depois eles se casaram novamente. E em 18 de janeiro de 1956 Marie deu á luz a uma menina chamada Tina Marie, que infelizmente nasceu com problemas de saúde (ela ficou meses em uma incubadora), e acabou sendo diagnosticada com problemas de aprendizado, devido ao fato de sua mãe abusar de remédios controlados durante sua gestação.


Em julho de 1956, ela e Harry Karl se divorciaram mais uma vez. No mesmo ano, Marie foi presa novamente, por outro acidente de carro. E no começo do ano posterior, ocorreu o infame sequestro, descrito acima.

Na época do sequestro, Marie McDonald estava namorando o ator Michael Wilding, que deixou o casamento com Elizabeth Taylor para ficar com a loura platinada. Mas Marie logo deixou Wilding para viver um romance com o cantor Eddie Fisher, na época casado com Debbie Reynolds. O romance não durou muito e Marie voltou para Harry Karl, e em 1959 Fisher deixou Debbie para se casar com Elizabeth Taylor.

Pra completar esta novela, Harry Karl deixou Marie para se casar com Debbie Reynolds, em 1960.

Elixabeth Taylor e Marie McDonald

Apesar de afastada das telas desde 1950, e de estar envolta em várias polêmicas, a atriz retornou ao cinema em grande estilo, contracenando com Jerry Lewis em O Rei dos Mágicos (The Geisha Boy, 1958).

Jerry Lewis e Marie McDonald

Em 1958 a atriz também voltou aos jornais, após sua primeira tentativa de suicídio. Em maio daquele ano, ela se casou novamente, com o agente Louis Bass, mas pediu o divórcio dez meses depois, dizendo que ele a deixava entediada. Ela voltou a se casar em 1962, mas pediu a anulação seis semanas depois.

Em 1963, durante uma viagem como cantora na Austrália (ela havia lançado um disco poucos anos antes), sofreu um colapso nervos e foi internada em uma clínica psiquiátrica, de onde fugiu quatro dias depois.

De volta aos Estados Unidos, foi novamente presa, desta vez tentando comprar remédios com uma receita falsa. Marie foi condenada a liberdade condicional por três anos. 

Sua carreira parecia ter chego ao fim, mas em 1963 ela conheceu o produtor Donald Taylor, que estava financiando Promessas! Promessas! (Promises..... Promises!, 1963), uma produção estrelada por Jayne Mansfield. Taylor então demitiu a loira Mamie Van Dooren e colocou Marie McDonald no seu lugar.

Mansfield e McDonald brigaram muito durante as filmagens, e o filme, apesar de todo apelo sexual, não fez sucesso.

Em 01 de novembro de 1963, Marie McDonald se casou com Donald Taylor.

Jayne Mansfield e Marie McDonald em Promessas! Promessas!

Sua saúde piorou, e ele chegou a ter uma parada cardíaca durante uma cirurgia, em 1964, mas acabou se recuperando. Marie McDonald então resolveu que seria apenas uma dona de casa.

Em 20 de outubro  de 1965 o casal recebeu alguns amigos para jantar. Taylor ficou com os convidados na sala, e ela foi para o quarto cedo, alegando estar indisposta, apesar do bom humor. No quarto, a atriz tomou um frasco de pílulas para dormir, cometendo suicídio, com apenas 42 anos de idade.

Marie chegou a ser levada com vida ao hospital, mas faleceu na manhã seguinte. Dois meses depois, Donald Taylor também cometeu suicídio, tomando os mesmos remédios que a esposa.


Debbie Reynols criou seus filhos


Marie McDonald morreu no dia do nono aniversário de Carrie Fisher, filha de Debbie Reynolds. 

Durante a passagem de Marie pela MGM, ela e Debbie Reynolds se tornaram amigas, mas a relação foi encerrada quando a atriz teve um caso com Eddie Fisher, marido de Reynolds na época. Posteriormente, em 1960, Debbie se casou com Harry Karl, ex marido de Marie, e pai dos filhos dela.

Debbie, ao ficar sabendo do ocorrido, deixou a festa da filha e foi até a casa de Marie para buscar as três crianças, agora órfãos de mãe. Ela disse para Karl que seus filhos morariam com eles, e isto era inegociável.

Posteriormente, as crianças passaram a chamar Debbie de mãe, e Tina Marie dividia quarto com Carrie. 

Carrie Fisher brincando com as filhas de Harry Karl

O casamento com Karl acabou em 1973, após ele perder toda a fortuna da atriz em investimentos ruins. Harry Karl saiu de casa, e levou os filhos juntos, mas Debbie sempre teve um enorme carinho por eles, e nunca perdeu contato com os enteados.

Carrie Fisher, Harry Karl, Todd Fisher, Tina Marie e Debbie Reynolds

Em 1982, após a morte de Karl, Debbie passou a ajudar financeiramente os enteados, enviando mensalmente uma pensão para eles. Ela os sustentou até a sua morte, em 2016, e deixou parte de sua herança para eles em testamento.


Marie McDonald

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