Últimas Notícias

6/recent/ticker-posts

A'leshia Brevard, uma das primeira atrizes transgênero dos EUA


A atriz e modelo A'leshia Brevard foi uma das primeiras  artistas transgênero a trabalhar em Hollywood. Curiosamente, o público só soube deste detalhe de sua vida em 2001, quando ela publicou um livro de memórias, com o título The Woman I Was Not Born To Be: A Transsexual Journey (A Mulher que eu não nasci para ser, uma viagem transexual).



A'leshia Brevard estreou no cinema como uma das muitas beldades lançadas nas telas na década de 1960. Ela começou a carreira como modelo, e conseguiu seu primeiro papel quando soube que a Universal buscava uma ruiva alta e voluptuosa para atuar no filme O Deus do Amor (The Love God?, 1969), estrelado pelo comediante Don Knotts. Após o filme, viajou pelos Estados Unidos em turnê com Knotts, e conseguiu um contrato com a Playboy, como coelhinha. Também chegou a fazer números de strip-tease em Reno, região de Las Vegas. Na época usava o nome de A'leshia Lee, sobrenome de seu marido.

A'leshia a direita, dançando em O Deus do Amor


A'leshia Brevard nasceu Alfred Brevard Crenshaw, em 09 de dezembro de 1937, em uma comunidade rural e religiosa no Tennessee. Ela teve uma infância muito difícil, não se aceitando e não sendo aceita na comunidade em que vivia. Ela fugiu de casa antes de terminar o ensino médio, partindo em um ônibus rumo a Nova York.

Foi em Nova York que começou a fazer shows na boate Finnochio's, tendo se apresentando para estrelas como Bette Davis, Errol Flynn e Lana Turner. Mas não gostava de ser apresentada como imitadora, ela não se identificada como um homem travestido de mulher. Foi nesta época que conheceu o médico Harry Benjamin, e começou a fazer o tratamento para a mudança de sexo, no final dos anos 1950.


Nos tempos da Finnochio's

Em 1962 ela finalmente fez a cirurgia, sendo uma das primeiras pessoas a fazer tal procedimento nos Estados Unidos. Mas como sempre sonhou em ser uma estrela de cinema, escondeu sua história com medo que ela atrapalhasse sua carreira. Começou a trabalhar como modelo logo após sua transformação e pouco tempo depois estreou no cinema.

Como modelo, em 1968

Fazendo teste de elenco, em 1969


A'leshia não foi a primeira norte-americana a fazer a mudança de sexo, a pioneira foi Christine Jorgensen (1926-1989), em 1952, a cirurgia foi realizada pelo cirurgião-plástico Paul Fogh-Andersen. Christine chegou a atuar em um filme, Kaming mga talyada: We Who Are Sexy (1962), porém, feito nas Filipinas.

Christine Jorgensen


A'leshia ainda atuou em O Pé Grande (Bigfoot, 1970), e participações nas séries de TV A Família Dó-Ré-Mi (The Partridge Family, 1970) e Galeria do Terror (Night Gallery, 1970). Ela foi uma das protagonistas de Um Punhado de Fêmeas (The Female Bunch, 1971), um filme "B" estrelado por Lon Chaney Jr e Russ Tamblyn.

Também foi presença regular em programas de televisão como The Red Skelton Show e The Dean Martin Show.

A'Leshia Brevard em A Família Dó Ré Mi

Carta de Um Punhado de Fêmeas

A partir da década de setenta ela passou a dedicar-se mais ao teatro, como atriz, diretora e escritora. Em 1976 terminou um mestrado em estudos teatrais na Marshall University e retornou a televisão na série Legends of the Superheroes (1979), uma tentativa fracassada de adaptar os quadrinhos da DC Comics em uma série televisiva, que só durou dois episódios. A'leshia interpretava a vilã Giganta. Os atores Adam West e Burt Ward repetiam os papéis de Batman e Robin, que os consagraram na década de 1960.

A'Leshia Brevard como Giganta

Ela ainda atuou nos filmes O Rosto de Humphrey Bogart (The Man With Bogart's Face, 1980), Smokey and the Judge (1980), American Pop (1981) e Hard Country (1981). Depois dedicou-se ao teatro e a vida particular.

A'Leshia Brevard em O Rosto de Humphrey Bogart


A'leshia Brevard poderia ter ficado na história do cinema apenas uma showgirl bonita que passou pelas telas cinematográficas, se em 2001 não tivesse revelado ao mundo ser transgênero em sua biografia. No livro, ela afirmou que escondeu sua história por medo de não ser aceita.

Após a publicação, ela passou um importante ícone na luta pelos direitos LGBTQIA+.




"Hoje em dia, entende-se que às vezes os meninos são meninas.
No caso de Alfred Brevard Crenshaw, ele queria ser uma mulher. 
E OH, QUE MULHER!"
(crítica de seu livro, escrita no jornal Publishers Weekly)




A'leshia Brevard em 2016

A'leshia Brevard morreu em 01 de julho de 2017, aos 79 anos de idade.

Leia também: A pioneira Musidora, atriz, escritora, diretora, feminista e musa dos surrealistas

Postar um comentário

0 Comentários