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O triste fim de Marie Prevost


Marie Prevost foi uma das mais populares atrizes dos tempos do cinema mudo, principalmente por seu trabalho em comédias. Marie atuou em 130 filmes, mas acabou eternizada na história do cinema devido a sua prematura e solitária morte, aos 38 anos, envolta por um terrível boato: seu corpo teria sido comido por seu cachorro de estimação.


Marie Brickford Dunn nasceu em 08 de novembro de 1898, em Ontário, no Canadá. Seu pai morreu em um acidente quando ela ainda era bebê. Sua mãe se casou novamente, e a família mudou-se para a Califórnia.

Morando em Los Angeles, Marie conseguiu um emprego como secretária nos estúdios da Keystone, famosa por produzir curta-metragens cômicos. Um dia Mack Sennet precisava de diversas garotas para fazer figuração em um de seus filmes, e mandou chamar todas as jovens que estivessem no estúdio, e assim a secretária Prevost acabou estreando no cinema, por acaso, em His Father's Footsteps (1915).

Mas o diretor ficou tão impressionado com a beleza e o talento da jovem, que logo a contratou como atriz, colocando-a no grupo de suas famosas banhistas, que eram jovens que apareciam de maiô em seus filmes.

Mary Thurman e Marie Prevost (com a sombrinha), em trajes de banhistas

Marie fez inúmeros filmes com Sennett, a maioria deles comédias curtas. Ela se casou em 1918, com Henry Gerke, um empresário bem sucedido, de quem se separou poucos meses depois, embora não tenha se divorciado oficialmente.

Em 1919 ela teve seu primeiro papel como protagonista, no longa metragem Yankee Doodle in Berlin (1919). O filme fez um enorme sucesso de bilheterias.


Multidão esperando para comprar um ingresso para assistir Yankee Doodle in Berlin

Vendo o sucesso da atriz, a Warner Brothers a contratou, com um salário de mil e quinhentos dólares semanais (uma verdadeira fortuna na época), e transformou Prevost em uma das atrizes mais bem pagas da época. Com seu salário, comprou uma luxuosa mansão em Beverly Hills, e outa em Malibu. Também comprou uma bela casa para sua mãe, e conseguiu transformar a irmã, Peggy Prevost, em atriz (mais tarde ela deixaria de atuar para se tornar diretora de arte).

A casa de Marie Prevost

Em Hollywood, Marie também era conhecida por sua grande generosidade, emprestando dinheiro para os amigos, e até comprando imóveis para eles morarem, além de outros presentes caros.

Ela estrelou alguns dos maiores sucessos da Warner da década de 1920, O Círculo do Casamento (The Marriage Circle, 1924), Alma de Palhaço (The Lover of Camille, 1924), Beija-me Outra Vez (Kiss me Again, 1925), e Amor e Beijos (Recompense, 1925).

Em 1922 ela havia atuado em The Married Flapper (1922), onde contracenou com o ator Kenneth Harlan. Eles se apaixonaram durante as filmagens, e em 1923 anunciaram que iriam se casar. Foi então que seu primeiro marido, que ela não tinha notícias desde que ele a abandonara, em 1919, reapareceu, e acusou Marie de bigamia, pois eles não estavam legalmente divorciados.

A notícia virou um escândalo em Hollywood, e afetou muito a sua carreira. Marie finalmente oficializou o divórcio, e se casou com Harlan em 1924. Juntos, eles ainda atuaram em Cabelos a la Garçonne (Bobbed Hair, 1925).

Kenneth Harlan e Marie Prevost

Com a carreira em baixa, após a repercussão negativa provocada por causa de seu primeiro casamento, ela já não dava mais retorno em bilheterias. A Warner a demitiu em 1926, poucos dias depois de sua mãe morrer em um acidente de carro. No ano seguinte, Harlan pediu o divórcio.

Além disto, a atriz não fez uma boa transição para o cinema sonoro. Em depressão profunda, ela começou a comer excessivamente, e ganhou peso, o que limitou ainda mais os convites para atuar.


Marie Prevost tornou-se alcoólatra e viciou-se em jogos de azar, o que consumiu sua fortuna. O produtor Howard Hughes, famoso mulherengo de Hollywood, lhe deu uma chance de retorno em A Lei dos Fortes (The Racket, 1928). Ele e Marie tiveram um breve romance, mas após ser rejeitado pela atriz que não quis dar continuidade no relacionamento, fez de tudo para dificultar que a atriz continuasse trabalhando no cinema.


Marie coadjuvou Joan Crawford em A Mulher que Perdeu a Alma (Paid, 1930) e teve um pequeno papel em Garotas Perigosas (Party Girl, 1930). Os papéis foram ficando cada vez menores e mais ratos, e em Nós e o Destino (Only Yesterday, 1933), ela já era uma simples figurante.

Marie Prevost e Joan Crawford em A Mulher que Perdeu a Alma

Tentando emagrecer, Marie Prevost desenvolveu anorexia nervosa, passando fome por longos períodos, mas continuava bebendo. Sua saúde se deteriorou rapidamente, e falida, mudou-se para um apartamento de um cômodo, alugado, em um bairro barato de Los Angeles.

Em 1936 fez seu último trabalho no cinema, servindo mesas em uma cena de Ten Laps to Go (1936).

Peggy e Marie Prevost, na década de 1930

Em 25 de janeiro de 1937 os vizinhos chamaram a polícia, pois Marxie, a daschund de Marie não parava de latir a dias, e ninguém atendia a porta. Quando os policiais entraram na residência e encontraram o corpo da atriz, já começando a entrar em decomposição.

Ela tinha marcas de mordidas e arranhões feitos pela sua cachorrinha, talvez na tentativa de acordá-la. Porém, logo se espalhou o boato que o animal, faminto, teria comido o corpo da atriz. A autópsia revelou que ela estava morta há pelo menos dois dias, e a causa do óbito foi uma forte desnutrição. Ela tinha apenas 38 anos de idade.

As fotos de seu corpo foram estampadas em todos os jornais. Não as colocarei aqui, mas são facilmente encontradas na internet. Joan Crawford, sensibilizada, pagou o funeral da antiga colega, que foi cremada.



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