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Buck Jones e a Tragédia da Cocoanut Groove


Buck Jones foi um dos primeiros heróis dos filmes de faroeste, os populares "bangue bangue" das telas, tendo estrelado ainda nos tempos do cinema mudo.

Conheça a história deste famoso cowboy, e seu derradeiro ato de heroísmo, na vida real.



Charles Frederick Gebhart nasceu em Indiana, em 12 de dezembro de 1891. Aos 16 anos, com autorização de sua mãe, falsificou documentos para entrar no exército e foi enviado as Filipinas para lutar na Guerra Filipino-Americana que havia começado em 1899. O jovem Charles queria ser piloto, mas teve de desistir do sonho ao ser ferido na perna. Em 1909 ele deu baixa do exército (embora tenha regressado em 1910, permanecendo até 1913) e voltou para casa.

Em 1911 ele conheceu uma amazona circense chamada Odille Osborne, e por ela se apaixonou. Eles se casaram em 1915, e para ficar perto da amada, Jones ingressou no circo.

Do circo para o cinema


Buck, que havia crescido em uma fazenda, trabalhava como peão, domando cavalos e segurando-os quando ficavam agitados em cena. Após viajarem o mundo se apresentando com o circo, o casal chegou a Hollywood em 1917, como integrantes do famoso Ringling Brothers Circus.
Com a esposa grávida, ele achou que teria uma vida melhor fora da vida mambembe, e arrumou um emprego de figurante no cinema, ganhando 5 dólares por dia de filmagens.
Após trabalhar como dublê de Tom Mix, ele teve sua grande chance na Fox, estrelando Quem Não Se Arrisca (The Last Straw, 1920).


Na Fox ele faria 60 filmes em um período de oito anos. Jones e seu cavalo Silver (que inspirou o nome do cavalo do Lone Ranger, O Cavaleiro Solitário, no Brasil confundido com o Zorro) tornaram-se astros muito populares, e ele resolveu montar sua própria companhia, mas esta produziu apenas um filme, O Grande Salto (The Big Hop, 1928). O filme foi um grande fracasso e a companhia faliu, deixando o ator com um enorme prejuízo.
Jones retornou ao circo para tentar pagar parte das dívidas.

Nesta época começavam os filmes falados, e os filmes de cowboy eram muito populares. Jones então foi contratado pela Columbia Pictures, que lhe pagava um décimo do que ele ganhava nos tempos da Fox. Falido, ele aceitou o contrato.
O Cavaleiro Solitário (The Lone Rider, 1930) foi seu primeiro filme sonoro. Na Columbia atuou em 29 filmes, e em 1933 assinou contrato com a Universal, onde sua carreira chegou ao auge.

Em 1938 foi eleito um dos dez mais populares cowboys de Hollywood. Além dos filmes, o ator começou a destacar-se nos seriados, muito em moda na época, e chegou mesmo a dirigir alguns deles.

Teve seu próprio gibi


Jones ficou tão popular que ganhou as páginas das histórias em quadrinhos, estrelando seu próprio gibi. Nos EUA, suas histórias em quadrinhos começaram a ser publicadas em 1938, e no por aqui elas chegaram alguns anos após a morte do ator, devido ao sucesso das reprises de seus filmes na televisão. No Brasil originalmente as suas histórias foram publicas pela Ebal, e posteriormente pela RGE, com o nome de Arizona Kid, devido a problemas com direitos autorais.


Porém, uma nova leva de cowboys, agora cantores, começaram a ganhar destaque nos filmes.
A ascensão de astros como Gene Autry, Roy Rogers e Tex Ritter fez a carreira de Buck Jones entrar em declínio. Ele fez alguns então filmes de baixo orçamento em estúdios modestos como a Poverty Row e chegou mesmo a ficar um longo período sem trabalhos. Jones teve até que aceitar um papel de vilão no filme A Caravana do Oeste (Wagons Westward, 1940), o que desagradou em muito seus fãs.
Buck Jones e Ona Munson em A Caravana do Oeste
Quando parecia que sua carreira chegará ao fim, foi convidado pela Monogram para estrelar os filmes do chamado "o trio western" (The Rough Riders) junto com Tim McCoy e Raymond Hatton.

O trio atuou em oito filmes entre 1941 e 1942 e o grupo foi desfeito quando McCoy deixou o cinema para alistar-se no exército, indo lutar na Segunda Guerra Mundial.
Jones ainda fez mais um filme ao lado de Hatton, Amanhecer na Fronteira (Dawn on the Great Divide, 1942) e depois voltar a fazer shows itinerantes pelos Estados Unidos. Durante a turnê vendia bônus de guerra para ajudar os soldados no front.

A Tragédia da Cocoanut Grove


Em 1942 o ator encontrava-se em Boston, onde fazia seus shows. Devido aos seus esforços de guerra, foi lhe oferecido um jantar em sua homenagem, no famoso night club Cocoanut Grove, que já havia inspirado até o filme Hollywood é Nossa (Cocoanut Grove, 1938).
A festa ocorreu no dia 28 de novembro, com a casa cheia querendo prestigiar o renomado astro de cinema. Porém, um grande incêndio acometeria o local naquela noite.
Segundo se apurou na pericia, um marinheiro tirou a lâmpada do abajur que iluminava sua mesa, para ter mais privacidade com sua namorada. Um garçom então acendeu um fósforo para iluminar o local enquanto servia as mesas, e a chama atingiu uma das palmeiras de plástico que decoravam o local.
As chamas logo se espalharam e uma multidão em pânico correu para a única saída, equipada com uma porta giratória.

O pânico fez com que a multidão se amontoasse na porta giratória, onde muitos acabaram perdendo a vida. Os funcionários da boate ajudaram muitas pessoas a se salvarem, guiando-os pela cozinha, porão e demais áreas de serviço.
O crooner Mickey Alpert salvou inúmeras pessoas arrombando uma janela do porão, enquanto o baixista Jack Lesberg usou o violoncelo para abrir um buraco nos tapumes de madeira que cobriam as janelas de entrada do prédio. Ambos sobreviveram.

Mesmo assim, 498 pessoas morreram e 198 ficaram feridas nesta que é considerada uma das maiores tragédias norte-americana. Estima-se que mais de 1000 pessoas estavam na casa naquele dia, comemorando o dia de ação de graças, naquela noite. A casa tinha autorização para abrigar apenas 460 pessoas.
Mickey Alpert e Jack Lesberg, alguns dos heróis da Cocoanut Grove.
Jones conseguiu sair do prédio em segurança pela cozinha, mas encarnado o papel de herói que encenava nas telas, retornou ao prédio para procurar o seu amigo Scott R. Dunlap, que trabalhava como produtor na Monogram. Jones retirou Dunlap ferido da boate, e retornou ao prédio novamente, salvando mais seis pessoas de lá. Após sua última saída, o fogo consumiu o local.
Gravemente ferido, Buck Jones foi levado ao hospital, e faleceu em consequência das queimaduras dois dias depois, em 30 de novembro de 1942. Scott Dunlap conseguiu recuperar-se e sobreviveu ao desastre, falecendo em 1970, aos 77 anos de idade.
Buck Jones morreu com 50 anos de idade.






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