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A Última Sessão de Cinema - A Despedida do Anexo do Espaço Itaú de Cinema, na rua Augusta



Os cinéfilos paulistas ficarão órfãos de uma das salas de cinema mais charmosas da cidade, o Anexo do Espaço Itaú de Cinema, na Rua Augusta. O local será demolido para dar lugar a construção de um prédio comercial, que descaracterizara ainda mais o aspecto boêmio da região.

A última sessão do cinema foi anunciada para ontem, dia 16 de fevereiro, aos 20:00 horas. No local seria exibido o documentário A Última Floresta, do diretor Luiz Bolognesi. Rodado em 2021, o filme mostra a resistência do povo Yanomami contra a invasão dos garimpeiros que invadiram às terras dos povos nativos.

Com exibição gratuita, uma multidão lotou a Rua Augusta na busca pelo ingresso, com uma fila que quase chegava na Avenida Paulista, alguns quarteirões acima. Na fila, o clima de tristeza e nostalgia tomava conta dos cinéfilos, todos com histórias relacionadas ao espaço de cultura que irá desaparecer em função da especulação imobiliária.

Um jovem estudante trajava um terno completo, porque queria estar com um traje solene para a ocasião, uma despedida melancólica às vésperas do carnaval.






Inicialmente, apenas a sala 4 exibiria o filme. Porém, diante da multidão que decidiu se despedir do cinema, a sala 5 também foi aberta. Mas não foi o bastante, e uma segunda sessão foi marcada para as 21:30. Eu só consegui meu ingresso para está exibição extraordinária.

Nem a forte chuva que caiu na região afastou os amantes da sétima arte, que acabaram lotando o Café Fellini, que fica no Anexo. Particularmente, acho o local um charme, um oásis tranquilo no meio da agitada Augusta.

Além de ter um delicioso bolo de nozes, este café para mim, era um ponto de encontro com amigos, e foi lá também que entrevistei algumas pessoas para o meu TCC, nos longínquos tempos da faculdade. Aliás, de certa forma, foi lá comecei minha carreira no Anexo, quando em 2005 fui um dos estudantes escolhidos para fazer críticas do Festival Internacional de Curtas.

Eu poderia ficar horas aqui narrando as histórias que compartilhei neste cinema, um local que exibia diversos filmes que não seriam apresentados na maioria das salas comerciais do Brasil, mas vou me limitar em relembrar o privilégio de assistir Os Pássaros, de Alfred Hitchcok, na gigante tela prateada.

Voltando a última sessão, em meio as minhas saudosas divagações, nem a sessão extra foi suficiente para atender aos fãs. Por isso, novas sessões foram marcadas, e o cinema ainda resiste por mais alguns dias, até o dia 22 de fevereiro, com sessões (gratuitas) as 17 e as 22, mas é preciso chegar antes para garantir o ingresso na fila (distribuído uma hora antes da sessão).

Quando o carnaval passar, passará também o Anexo do Cine Itaú. Dê um tempo na folia e vá lá dizer adeus a este velho amigo. Aliás, aproveite e assine o abaixo assinado disponível no caixa do café, numa tentativa de resistir. Você também assinar a petição online aqui.


A exibição do filme contou com a presença do diretor, que contou as dificuldades de realizar o documentário em meio ao projeto genocida contra o povo Yanomami. Porém, não vemos aquelas imagens tristes e deprimentes exibidas nos jornais. Este foi um pedido dos povos nativos retratos, que queriam contar sua história e mostrar que são um povo bonito e valente, "porque doente é branco, que não respeita a natureza, e não aprende com seus anciãos".

Infelizmente, minha bateria acabou, e não fiz mais registros do momento.








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