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Barreto Pinto, o primeiro deputado cassado por quebra de decoro, tornou-se ator


Em 27 de maio de 1949 Barreto Pinto tornou-se o primeiro deputado brasileiro cassado por falta de decoro parlamentar, após um longo processo na Câmara de Deputados.


Edmundo Barreto Pinto nasceu em Vassouras, no Rio de Janeiro, em 15 de abril de 1900. O político foi um dos fundadores do PTB de Getúlio Vargas, e foi eleito suplente de deputado em 1945, assumindo o cargo em janeiro de 1946.

Barreto Pinto era uma figura folclórica, meio fanfarrão, e conhecido do povo pela sua extravagância. Ele era frequentemente visto nos bailes de carnaval da sociedade carioca da época.

Em 1946 ele possou para uma sessão de fotos para a revista O Cruzeiro, organizada por David Nasser (e as fotos feitas por Jean Mazon). Nas muitas páginas que ocupou da publicação, o parlamentar aparecia vestindo um fraque sem calças, apenas de cuecas. A reportagem causou um grande escândalo na época.

A polêmica foto do deputado Barreto Pinto

O deputado alegou ter sido enganado pelo jornalista, dizendo que ele prometera que só apareceriam as fotos da cintura para cima, e que devido a pressa pela sessão, não teve tempo de colocar o traje completo do fraque.

Mas esta explicação é meio discutível, já que na matéria, chamada Barreto Pinto Sem Máscaras, ele aparecia dormindo, de sunga na praia e até falando ao telefone dentro de uma banheira.



Um longo processo pela cassação do deputado foi aberto. Era também uma forma de tirar da câmara um grande apoio de Getúlio Vargas, seu colega de partido. Mas ao mesmo tempo que lutava para manter seu mandato, Barreto Pinto parecia gostar da atenção e publicidade obtida.

Em 1947 muitos homens pularam o carnaval com casaco de fraque e cuecas, fazendo do atípico traje do deputado uma das fantasias mais populares daquele ano. Em 1947, em meio ao processo, onde alegava ter sido enganado, estreou como ator na revista Eu Quero é Confusão, ao lado de Alda Garrido, onde novamente aparecia de fraque e cuecas.

Barreto Pinto em Eu Quero Confusão

No ano seguinte, satisfeito com sua experiência no teatro de revista, o deputado escreveu a peça O Mundo em Cuecas (1948), que foi dirigida por Chianca de Garcia. No elenco, as vedetes Salomé Parísio e Virgínia Lane. Foi durante este espetáculo que o presidente Getúlio Vargas, que assistiu a peça, conheceu Virgínia.


Barreto Pinto e Chianca de Garcia

A ousadia do político, que debochava do processo nos palcos teatrais, rendeu seu afastamento do cargo.

Barreto Pinto então montou sua própria companhia de revistas, arrendou teatros, e pagou pequenas fortunas para contratar aristas, de Dercy Gonçalves a Eva Todor. Também promoveu shows internacionais, contratando o cantor francês Charles Trenet e o ator português João Villaret.



Em 1950 escreveu outra revista, feita em parceria com grandes nomes do gênero (Luiz Peixoto e Freire Junior), chamada General da Banda, encenada no Teatro Glória. Na peça estreou a comediante Vera Regina.

No mesmo ano o ex deputado estreou no cinema, atuando no filme Todos Por Um (1950), dirigido por Moacir Fenelon. O filme, de carnaval, era uma adaptação moderna de Os Três Mosqueteiros, de Alexandre Dumas, e o político (creditado como Barreto Galo) interpretava o Rei Luis XIII.

No filme ainda Colé Santana (tio de Dedé Santana) e Maria Gracinda, vencedora de concursos de beleza da época, que hoje é mais lembrada por ter sido a namorada brasileira de John McCain.



Barreto Pinto foi eleito novamente em 1950, ficando no cargo até 1954.

Em 1955, a TV Tupi do Rio tinha um programa de humor chamado Hotel da Sucessão, onde um personagem imitava Barreto Pinto, de cuecas, no humorístico.

O imitador de Barreto Pinto, da TV Tupi

Ele também foi nomeado diretor da Rádio Mauá (antiga Rádio Ipanema) e posteriormente foi diretor do Serviço de Teatro do Rio de Janeiro. No final da década de 50 afastou-se da vida política, e faleceu em 30 de março de 1972.




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1 Comentários

  1. Na biografia de Samuel Wainer ele cita essa situação que Barreto Pinto fora realmente enganado pelo jornalista David Nasser e pelo fotógrafo Jean Manzon.

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