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Quem Foi Jean Hersholt? O ator que dá nome ao Oscar Especial



Desde 1957 a Acadêmia de Artes e Ciências Cinematograficas entrega o Prêmio Humanitário Jean Hersholt, dedicado a pessoas da indústria do cinema com relevante contribuição às causas humanitárias. A estatueta, que já foi entregue para nomes como Jerry Lewis, Elizabeth Taylor, Harry Belafonte, Paul Newman e Audrey Hepburn, entre outros, leva o nome do ator dinamarquês Jean Hersholt, um dos coadjuvantes mais prolíficos de Hollywood.

Mas você sabe quem foi Jean Hersholt? Ou porquê o prêmio tem seu nome?

Jean Hersholt em Grande Hotel (1932)

Os fãs do cinema clássico com certeza já viram o rosto bonochão de Jean Hersholt em um dos quase 150 filmes em que ele atuou. Normalmente fazendo papéis de senhores simpáticos, ele é mais lembrado como o avô de Shirley Temple no filme Heidi (1937), e era um nome muito querido entre os astros de Hollywood.


Jean Hersholt e Shirley Temple em Heidi (1937)

Jean Pierre Carl Buron nasceu em Copenhague, na Dinamarca, em 12 de julho de 1886. Quando em Hollywood, como muitos atores, ele inventou uma biografia, dizendo ser filho de uma família tradicional de atores, mas na verdade seu pai era vendendor e sua mãe cabeleireira.

Ainda em seu país natal, ele descobriu a vocação na pintura, trabalhando como artista plástico. E foi como pintor, que conseguiu emprego na confecção de cenários para um teatro, e eventualmente, fazia um pequeno papel nos palcos, sempre que um ator era necessário.

Em 1906 ele chegou a atuar em três filmes dinamarqueses, fazendo figuração. Na época, ele usava o nome de Jean Buron.

O jovem Jean Hersholt

Mas em 1906, o mesmo ano em que estreou no cinema, o jovem ator dinamarques sofreu um grande revês em sua vida. Um vigia chamou a polícia após ver dois homens suspeitos em um terreno, e achou que eram assaltantes.

Na verdade, era o ator em um encontro romântico, e secreto, com outro homem. Mas a homossexualidade era crime no país na época, e Jean Buron e seu namorado foram presos, condenados há oito meses de prisão.

Após ser solto, Buron caiu em desgraça. Ele perdeu o emprego, foi expulso de casa e tornou-se mal visto pela sociedade local. Ele adotou o nome de Jean Hersholt para tentar esconder a humilhação pública, e em 1911 resolveu migrar para os Estados Unidos, onde ninguém o conhecia, para recomeçar a sua vida.

Hersholt conseguiu um emprego como pintor de cenários em um estúdio em Hollywood, onde também começou a fazer figurações, a partir de 1915. Como ator, ele faria diversos pequenos papéis nos anos seguintes, mas sua carreira foi crescendo ainda durante o cinema mudo.

Na década de 1920 ele conseguiu papéis maiores, atuando ao lado de grandes astros da época, como Mary Pickford e Rudolph Valentino.

Rudolph Valentino, à esquerda, e Jean Hersholt, à direita, em Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse (1921)

Jean Hersholt e Mary Pickford em O País das Tormentas (1922)

Douglas Fairbanks torcendo o nariz de Jean Hershol em O Filho do Zorro (1925)

Mas o seu papel mais notável na era do cinema silencioso foi o vilão de Ouro e Maldição (1924), o ambicioso projeto de Erich Von Stroheim, que incialmente tinha oito horas de duração, mas foi mutilado por Irving Thalberg, quando este assumiu a direção da MGM. E embora a versão original tenha se perdido com o tempo, o filme é considerado uma das grandes obras primas da história do cinema.

Zazu Pitts, Jean Hersholt e Gibson Gowland em Ouro e Maldição (1924)

Com a chegada do cinema sonoro, Jean Hersholt fez uma boa transição para os filmes falados, apesar do seu sotaque dinamarquês, que fazia com que ele fosse escalado, normalmente, para interpretar personagens estrangeiros.

Ele seguiu uma sólida carreira em Hollywood, atuando ao lado dos grandes nomes da época, como Jean Harlow, Sonja Heine, Katharine Hepburn, Clark Gable, Norma Shearer, Robert Taylor e Greta Garbo (com quem fez três filmes).

Jean Hersohlt e Greta Garbo em Susan Lennox (1930)

Katharine Hepburn e Jean Hersholt em Almas em Ruínas (1934)


Clark Gable, Jean Hesholt e Myrna Loy em Alma de Médico (1934)

Em 1934 o mundo ficou fascinado com o nascimento das quíntuplas Dionne, cinco irmãs gêmeas canadenses. Elas era filhas de um casal pobre, e acabaram confiscadas pelo governo do Canadá, tonando-se uma grande e lucrativa atração midíatica.

De shows diários à bonecas, as irmãs Dionne foram obrigadas a estrelarem tudo que pudesse render dinheiro, e obviamente, foram parar nas telas de cinema. Jean Hersholt foi chamado para viver o médico Dr. John Luke em O Médico da Aldeia (1936), personagem inspirado no obstetra que fez o parto das meninas.

O filme fez tanto sucesso, que Hersolt e as quíntuplas Dionne estrelaram duas sequências, As Cinco Gêmeas da Fortuna (1936) e 5 do Mesmo Naipe (1938).

Jean Hersholt e as irmãs Dionne

Hersholt tentou levar o personagem para o rádio, mas não conseguiu comprar os direitos autorais. Fã do escritor Hans Christian Andersen, que também era dinamarquês, ele então criou o personagem Dr. Christian, que fez um enorme sucesso radiofônico. As pessoas gostavam tanto do doce doutor do rádio, que enviam cartas pedidndo conselhos médicos, acreditando que ele fosse real.

O programa ficou no ar por muitos anos, era dirigido por Neil Regan, irmão do ator (e futuro presidente dos Estados Unidos) Ronald Regan.

Jean Hersholt no rádio

O Doutor Christian de Hersholt ganhou o seu próprio filme, Consciência de Médico, em 1939. O ator protagonizaria outros filmes fazendo o personagem, Corajoso Doutor Christian (1940), Médico Contra Charlatão (1940), Remédio Para Riqueza (1940), Melodia Para Três (1941) e They Meet Again (1941).

Jean Hersholt ainda atuou nos filmes Noivas do Tio Sam (1943), Dancing in The Dark (1949) e Fora das Grades (1955). E em 1956 migrou para a televisão, levando seu Dr. Christian para uma série de televisão de mesmo nome.

Mas o programa só teve dois episódios, já que o ator morreu de câncer em 02 de junho de 1956, aos 69 anos de idade. Um ano após a sua morte, foi criado o Prêmio Humanitário Jean Hersholt.

A Origem do Prêmio Jean Hersholt

O ator sempre foi conhecido nos bastidores de Hollywood por sua generosidade e benevolência, e havia ficado muito consternado com as trágicas mortes de astros do cinema mudo que morreram na miséria, como Florence Lawrence, Lou Tellegen e Karl Dane, que também era dinamarquês.

Em 1921 Mary Pickford e o produtor Joseph Schenck havia criado o Motion Pitcute Relief Fund, que coletava doações dos artistas e profissionais do cinema, para ajudar os colgas que passavam dificuldades por dificuldades financeiras.

Hersholt assumiu a presidência do fundo em 1930, e elevou o tamanho do projeto de tal forma, que conseguiu comprar um grande lotes de terra em San Fernando Valley, e lá construiu a Montion Picture House e o Montion Picture Hospital, uma espécie de casa de repouso para profissionais do cinema aposentados.

Com uma excelente estrutura, os residentes passaram a ter uma casa e atendimento médico garantidos. Considerada luxuosa, as instalações abrigavam os antigos artistas que estavam falidos, e moravam de graça, ou artistas que tinham condições financeiras para pagar, mas queriam morar no local para terem acesso a enfermeiras e atendimento médico, além de conviverem com seus antigos colegas.

Na miséria, ou não, o local já abrigou (e abriga) diversos grandes nomes da história do cinema, como Mary Astor, Budd Aboott (da dupla Abott e Costello), Bruce Cabott, Ellen Corby (a vovó Walton), Yvonne de Carlo, Anntte Funicello, Zsa Zsa Gabor, DeForrest Kelly, Stanley Kramer, Elsa Lanchester, Ida Lupino, Hattie McDaniel, Donald O'Connor, Louella Parsons, Mack Sennet, Norma Shearer, Jay Silverheels, Johnny Weismuller, e os "patetas" Curly Howard, Larry Fine e Joe deRita, e tem entre seus residentesnte atuais Glynis Johns (a mãe sufragista de Mary Poppins) e Lee Meriwether, da série Túnel do Tempo. Mas a instituição não é destinada apenas a pessoas famosas, e também recebe técnicos, motoristas, seguranças, e diversos funcionários dos antigos estúdios de cinema.

Jean Hersholt também foi um dos primeiros a defender que a história do cinema devia ser preservada, principalmente após ver que muitos dos seus trabalhos dos tempos do cinema mudo estavam se perdendo, por falta de conversação.

O ator foi presidente da Acadêmia de Artes e Ciências Cinematográficas, a entidade que promove a entrega do Oscar, e usou sua influência para ajudar e homenagear antigos colegas da profissão. O próprio Hersholt ganhou dois Oscars especiais, um em 1940 e outro em 1950.

Quando Jean Hersholt faleceu, em 1956, a comunidade de Hollywood, a quem ele tanto ajudou, ficou tão abalada, que foi criado o prêmio Jean Hersholt, dedicado a profissionais do cinema que se dedicaram a causas humanitárias, que passou a ser entregue em 1957, e ainda existe.

Jean Hersholt, apesar de ter deixado a Dinamarca após ser preso por ser gay, foi casado com Via Andersen, que era irmã da mãe do ator Leslie Nielsen.

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